Brasília – Pressionados pelas manifestações em todo o país, os senadores começaram nessa quarta-feira o “mutirão” para tirar da gaveta o pacote de projetos anunciados pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), na terça-feira. Em vários casos, as propostas já tramitavam havia anos, mas esbarravam na falta de acordo para votação. Uma delas foi aprovada ontem: a que transforma corrupção ativa e passiva em crimes hediondos, o que aumenta as penas para condenados e dificulta a concessão de benefícios e proíbe que o condenado escape da punição mediante o pagamento de fiança.
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STF determina prisão de deputado por corrupçãoAdvogados criticam taxar corrupção de crime hediondoCâmara decide alterar texto que torna corrupção crime hediondo Câmara coloca em votação projeto que torna corrupção crime hediondoPT quer urgência para votação de projeto que torna hediondo os crimes de corrupçãoGilmar Mendes diz que classificar corrupção como crime hediondo não é suficienteCarvalho defende mudança em financiamento eleitoralO projeto, que segue agora para análise na Câmara dos Deputados, inclui também delitos contra a administração (peculato, concussão, excesso de exação, ou seja, cobrança indevida de impostos) como crimes hediondos. As penas, que hoje são de dois e 12 anos, variam de quatro a 12 anos na proposta. “Esse projeto já tinha parecer há mais de um ano, só que, por oportunidade e conveniência, não havia sido colocado em pauta na comissão”, criticou o autor do texto, senador Pedro Taques (PDT-MT).
Relator da matéria, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que a atual legislação é branda quando se trata de proteger “interesses difusos dos cidadãos e o patrimônio público”. Segundo ele, “a inclusão desses delitos como crimes hediondos implica vedação de concessão de anistia, graça e indulto ao agente; impede o livramento mediante fiança e torna mais rigoroso o acesso a benesses penais, como livramento condicional e progressão do regime de pena”.
O projeto foi aprovado com uma emenda do senador José Sarney (PMDB-AP), que inclui o homicídio simples cometido de forma qualificada (com intenção de causar sofrimento à vítima) na lista de crimes hediondos. Para defender a emenda, Sarney disse que o Brasil é o país com maior número de homicídios proporcionais no mundo. Ele citou pesquisa do Instituto Sangari, que mostra que 78% da população brasileira tem medo de ser assassinada.
Especialistas consideram que a previsão do projeto de que a pena mínima seja dobrada endurece consideravelmente o combate à corrupção. “Com a aplicação de uma punição de quatro anos e um dia de reclusão, o juiz já pode decretar a prisão do condenado. A atual legislação não permite que o condenado com a pena mínima seja levado ao cárcere”, diz o presidente da Associação Paulista de Direito Criminal, Romualdo Sanches Calvo Filho.
FPE O Congresso conseguiu ontem – três anos depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) considerar inconstitucional o atual rateio do Fundo de Participação dos Estados (FPE) – resolver o impasse sobre uma nova divisão dos recursos. A proposta aprovada segue para a sanção da presidente Dilma Rousseff.
A votação no Senado, na tarde dessa quarta-feira, ocorreu cerca de 15 horas depois de a Câmara aprovar o projeto na madrugada de quarta. As novas regras preveem que os coeficientes atuais serão mantidos até 31 de dezembro de 2015 e, depois, haverá um novo cálculo, de acordo com a proporção da população e a renda per capita.