Com 34 dos 39 votos possíveis, o sociólogo, professor e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (FHC) foi eleito na tarde desta quinta-feira para ocupar a cadeira 36 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Vai assumir a vaga aberta com a morte do jornalista João de Scantimburgo, em 22 de março deste ano. Votaram 24 acadêmicos presentes à sede da academia, no centro do Rio, e 14 por carta. Houve uma abstenção.
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FHC concorre à Academia Brasileira de Letras nesta quinta-feiraFHC critica ideia de plebiscitoFalta de rumo político afeta economia do país, diz FHCIntelectual com atuação política, Fernando Henrique teve seus direitos políticos cassados em 1964 pelo regime militar e exilou-se na Europa e no Chile. De volta ao Brasil, participou da luta pela redemocratização do país, ingressou no então MDB e foi eleito senador por São Paulo. Nos anos 80, foi um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), do qual é presidente de honra. Antes de ser eleito presidente, foi ministro das Relações Exteriores e da Fazenda no governo Itamar Franco (1992-1994).
De acordo com o acadêmico Marcos Villaça, ex-presidente da ABL, “a eleição de Fernando Henrique Cardoso é um ato de respeito à inteligência brasileira. A sua obra de sociólogo e cientista dá ainda mais corpo à academia”.
Com a eleição de FHC, a Academia Brasileira de Letras passa a contar com dois ex-presidentes da República entre seus 40 membros. O outro é José Sarney, ocupante da cadeira 38, desde 1980.
O novo membro da ABL é autor ou coautor de 34 livros, 23 deles de sociologia, e mais de cem artigos acadêmicos. Uma de suas obras, Dependência e Desenvolvimento, escrita em coautoria com Enzo Falletto e publicada originalmente em espanhol, em 1969, é considerada marco nos estudos sobre a teoria do desenvolvimento. O livro teve dezenas de edições, em 16 idiomas.
Os livros mais recentes de Fernando Henrique Cardoso são voltados à análise de sua atuação como político e as memórias: O presidente e o sociólogo (1998); A arte da política (2006); The accidental presidente of Brazil (2006); Cartas a um jovem político (2008) e A soma e o resto: um olhar sobre a vida aos 80 anos.