Brasília – Em uma série de reuniões com aliados, a presidente Dilma Rousseff recebeu ontem sinais de apoio à realização de um plebiscito sobre a reforma política, mas ainda terá que enfrentar resistências na própria base sobre as perguntas a serem feitas à população. Dilma decidiu que enviará ao Congresso, na terça-feira, mensagem enxuta sugerindo uma consulta com no máximo cinco questões, sobre temas básicos, como financiamento de campanha (público, privado ou misto) e sistema para escolha de deputados – voto proporcional, distrital, ou distrital misto, e se em lista aberta ou fechada. Entretanto, políticos aliados, inclusive do PMDB, pretendem esticar a lista, com perguntas sobre o fim da reeleição e a fixação do mandato presidencial em cinco anos.
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Líderes partidários governistas foram unânimes em apoiar plebiscito, diz Eduardo BragaAliados sinalizaram apoio a plebiscito, diz MercadantePara especialistas, reforma política deve se concentrar nos sistemas partidário e eleitoralMenos segredo no plenário da ALMGProposta de mandato presidencial de cinco anos pode entrar em plebiscitoGastos com plebiscito podem chegar a R$ 500 milhõesPlebiscito poderá ter pergunta sobre quando começam valer as novas regras eleitoraisMinistros do TSE acham inviável plebiscito em 90 diasInicialmente, nenhuma legenda representada pelos líderes e presidentes em reuniões no Planalto ontem detalhou o que deseja. Valdir Raupp, que representou o PMDB, afirmou que ainda precisava fechar os pontos com a Executiva Nacional, que se reúne na semana que vem.
Ciente das dificuldades de fazer com que a população compreenda como funcionam os sistemas eleitorais, Ciro Nogueira (PP-PI) defendeu o referendo, ou seja, a aprovação a posteriori. A ideia foi prontamente rechaçada na reunião dos senadores, mas encontra eco na oposição, que será recebida pela presidente na segunda-feira.
Na reunião com senadores, a presidente Dilma – que fará uma reunião ministerial hoje – ressaltou, no entanto, que não considera o referendo a melhor opção. “Se as propostas aprovadas no Congresso são submetidas a consulta depois e a população diz não, o Congresso fica desgastado. Seria inadequado”, disse a presidente, segundo relato dos que participaram do encontro. A sinalização dos partidos da base, no entanto, é de apoio ao plebiscito.
“A interpretação amplamente majoritária é que o plebiscito é um instrumento de participação social muito importante na reforma política”, disse o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que participou dos encontros. Ele afirmou também que as duas diretrizes essenciais das perguntas serão o financiamento de campanha e o sistema eleitoral. O ministro fez questão de defender um plebiscito enxuto. "Um plebiscito, num tema complexo como esse, tem de ir no cerne do problema. Então, nós vamos tratar daquilo que é essencial”, afirmou.
Para garantir que as regras entrem em vigor já em 2014 mesmo que aprovadas depois de outubro, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), chegou a cogitar ontem fazer uma consulta sobre a necessidade de mudar a legislação. “Se a população, no plebiscito, entende que não se deve observar o prazo de um ano para estabelecer a regra eleitoral, isso será feito pelo Congresso”, afirmou. Já o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que pensa em disputar a Presidência no ano que vem, lembrou que, até hoje, divergências impediram a discussão sobre a reforma política de andar. “Muitas vezes, o interesse da reeleição de A ou B, o interesse desse ou daquele partido terminou por inviabilizar a reforma política”, justificou. (Com agências)