Pelo menos 563 índios foram assassinados no Brasil desde 2003 e somente em Mato Grosso do Sul 470 se suicidaram. Relatório produzido pelo Conselho Missionário Indigenista (Cimi) aponta que a situação dos povos indígenas no país vem se deteriorando de forma alarmante nos últimos anos, com aumento de casos de mortalidade infantil, violência sexual, falta de assistência médica, alcoolismo e dependência de outras drogas. Em 2012 houve casos de suicídio no Tocantins, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e em Mato Grosso do Sul. Paralelamente, o documento destaca que a velocidade dos processos de demarcação de terras foi reduzida na última década.
Leia Mais
Violência contra índios aumentou entre 2011 e 2012, afirma Conselho Indígena MissionárioDocumento sobre massacre e tortura de índios no país será debatido na CâmaraMinistro pede serenidade a índios e fazendeiros envolvidos em disputas por terrasJustiça determina permanência de índios em fazenda de MSEm MT, protesto contra mais áreas para indígenasA entidade chama atenção para o crescimento de casos de desassistência na área da saúde de aldeias que aumentaram de 53 em 2011 para 86 em 2012, prejudicando pouco mais de 80 mil indígenas. Em Minas Gerais, em São João das Missões, o povo Xakriabá reclama de não receber atendimento médico. No Acre, onde a situação é das mais graves do país, há diversos relatos de falta de medicamentos, de médicos e de água potável, o que teria deixado dezenas de crianças gravemente doentes. O aumento de casos de dependência de drogas, inclusive álcool, também preocupa os indigenistas, que apontam 13 casos de dependência de comunidades inteiras, contra nove em 2011. Seriam pelo menos 254 mortes no Acre, Amazonas, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco e Roraima.
MORTALIDADE INFANTIL
Dados do Cimi mostram que 26 crianças indígenas menores de cinco anos faleceram de doenças consideradas pela entidade como “facilmente tratáveis”. No Acre, 13 crianças de diversas etnias morreram de diarreia e vômitos. O texto denuncia falta de água potável em aldeias em Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Segundo o documento, o governo federal usou em 2012 apenas 33% das verbas autorizadas em seu orçamento para a proteção social de povos indígenas, R$ 8,7 milhões de um total de R$ 26 milhões. Pelo menos 12 indígenas foram vítimas de violência sexual no ano passado, sendo que no Amazonas foram registrados casos de abuso de meninas de até 10 anos e haveria uma rede de pedofilia no município de São Gabriel da Cachoeira.