Brasília – Depois de mobilizar todos os setores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para estudar um prazo mínimo para a realização do plebiscito sobre reforma política, a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, disse que "a Justiça Eleitoral está sempre preparada" para realizar consultas populares. Ela recebeu ontem das mãos do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, um ofício assinado pela presidente Dilma Rousseff, que faz uma consulta formal ao TSE sobre o tempo necessário para a operacionalização do plebiscito.
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"Legalidade"
A presidente do TSE comentou que ainda não tem previsão sobre o tempo necessário para organizar o plebiscito e argumentou que é preciso observar procedimentos internos. "Ainda não tenho nada, absolutamente nada, a dizer sobre os dados porque é uma consulta que necessita operacionalização", afirmou. "É certo que a Justiça Eleitoral está pronta e preparada sempre a cumprir o que a Constituição determina, que é a consulta popular, mas o TSE tem os seus procedimentos, sistemas, os prazos necessários, e isso será formalmente analisado", completou Cármen.
O ministro Gilmar Mendes criticou, durante a sessão, a postura do Palácio do Planalto. Na avaliação dele, cabe exclusivamente ao Poder Legislativo tratar do plebiscito. "O Executivo não tem papel nessa matéria, é o próprio Congresso, e só o Congresso. As coisas estão mal organizadas sob essa perspectiva", criticou. "É preciso que o próprio Congresso solicite ao tribunal e não a presidente da República. É preciso que as coisas sejam orientadas pela pauta da legalidade, é bom consultar os manuais existentes", completou.
A Constituição determina que somente o Parlamento pode apresentar um projeto de decreto legislativo que estabeleça a realização de um plebiscito.