O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato a presidente da República, justificou nessa segunda-feira a decisão dos partidos de oposição de não participar de encontro com a presidente Dilma Rousseff para tratar dos protestos realizados pelo país. Antes de se reunir com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, o senador, que preside o PSDB, disse que não recebeu nenhum convite e que para ele uma reunião "neste instante até perdeu um pouco o sentido". "Anunciou-se que haveria um convite às oposições, mas ela (Dilma) já conversou com todos aqueles que costumam concordar com as suas posições. Talvez até pelas oposições terem uma posição divergente da presidente não tenhamos sido convidados", disse.
Na semana passada, o Planalto anunciou a intenção de Dilma de promover um encontro com os partidos da oposição, a exemplo do que fez com as legendas da base aliada, na sexta-feira. A ideia inicial seria reuni-los no mesmo dia do encontro com os aliados, mas a reunião acabou não acontecendo. Ontem, o PPS e o DEM divulgaram nota rejeitando a possibilidade de um encontro com Dilma.
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Após palestra proferida na sede da Sociedade Rural Brasileira, em São Paulo, voltou a falar sobre a reforma política. Segundo ele, a reforma não saiu nos 10 anos de governo petista devido à "falta de coragem política" da atual presidente e de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. "Faltou coragem política para enfrentar contenciosos dentro da sua própria base".
OUTROS PRESIDENCIÁVEIS
Enquanto a presidente Dilma tenta estancar a crise, potenciais adversários nas eleições presidenciais de 2014, além de Aécio, intensificaram suas atividades políticas, diante de um novo cenário. No fim de semana, a ex-senadora Marina Silva se reuniu com o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto em uma cafeteria de Brasília para tratar, entre outros assuntos, das manifestações no país. Marina estaria sondando Britto sobre uma eventual composição de chapa para 2014, como candidto a vice. Ele nega e afirma que não tem pretensão de concorrer a cargo eletivo. "Não volto mais para a política. Não faz parte do meu projeto de vida. Chance zero", disse o ministro aposentado, que foi filiado ao PT de Sergipe antes de ser indicado, em 2003, pelo então presidente Lula para uma vaga no STF.
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB e possível nome do partido para concorrer ao Planalto, também intensificou a agenda. Ontem, participou de reunião partidária na qual a sigla definiu posições, como o fim da reeleição e das coligações proporcionais, além da implantação de mandato único de cinco anos. O PSB vai sugerir que o plebiscito seja aplicado simultaneamente às eleições. (Com agências)
ENCONTRO EXCLUSIVO
O encontro da presidente Dilma Rousseff com a oposição acabou se resumindo ontem ao senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Depois da reunião, ele disse que a pauta de seu partido para o plebiscito coincide com a de Dilma em dois pontos: o financiamento de campanhas eleitorais e o sistema de votos. O convite ao senador foi feito formalmente pelo ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Dentro do tema reforma política, Randolfe disse que defendeu o fim das doações privadas para campanhas eleitorais e a instituição do financiamento exclusivamente público, defendida também pelo PT.