Brasília – Apesar de ter negado mudanças na equipe econômica, a pressão dos protestos que tomaram as ruas do país pode antecipar a reforma ministerial prevista, a princípio, para janeiro do ano que vem. Depois de realizar pequenas mudanças para acomodar interesses da base aliada, o plano da presidente Dilma Rousseff era fazer novas alterações somente em 2014, para permitir a desincompatibilização dos ministros que planejam concorrer nas eleições. Agora, a avaliação de auxiliares é de que a presidente terá de “criar um fato” para conseguir superar os desgastes e desvincular a pasta do seu ocupante.
A avaliação é endossada por parlamentares, que a aplicam a outra ocupante da Esplanada, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Na opinião de parlamentares que não quiseram se identificar, a falta de autonomia de Ideli a desgastou de tal maneira que seria melhor substituí-la, para marcar um novo momento entre o Congresso e o Executivo. A ministra, criticada por não ter poder de decisão e, nos corredores, é responsabilizada por seguir o estilo de Dilma de dialogar pouco e ceder menos ainda.
Independentemente de substituir a atual ocupante do cargo, o Planalto já identificou a necessidade a postura diante do Congresso. A articulação do governo sempre contou com a alta popularidade de Dilma como fiel da balança. Agora, o remédio para evitar uma crise ainda maior, deve ser mais diálogo. Auxiliares avaliam que ceder em emendas, no momento, não é bom nem para a presidente nem para o Congresso. Pode passar uma imagem de “mercenários”.
Existe ainda uma terceira categoria de ministro: os que contavam com a reeleição de Dilma para se manter em cargos de prestígio, mas que, diante da ameaça a um segundo mandato, podem querer concorrer a cargo eletivo em 2014. Aldo Rebelo, titular do Esporte, pode se enquadrar nessa categoria. Antes em posição confortável, quando tudo indicava que ele permaneceria no cargo até, pelo menos, as Olimpíadas de 2016, ele estuda rever sua opção.