Em dia de manifestações de diversas categorias organizadas - servidores públicos municipais (que estão em greve), professores da rede estadual, médicos, integrantes do Movimento Passe Livre e até torcedores do Bahia -, coube a uma professora roubar a cena no desfile de comemoração ao 2 de julho, principal data cívica da Bahia, pelas ruas do centro de Salvador.
Foi o principal tumulto registrado no cortejo, que celebrou os 190 anos da expulsão das tropas portuguesas da Bahia, consolidando a independência do País. A Secretaria de Segurança Pública, porém, temia que o encontro da população com as principais autoridades públicas do Estado, em meio aos confrontos nas manifestações realizadas em Salvador, pudesse ter resultado pior. Ao todo, mais de 2 mil policiais foram destacados para trabalhar na festa, 700 a mais que no ano passado. Um helicóptero da PM monitorou todo o percurso.
No fim, as manifestações foram pacíficas. As provocações ficaram reservadas, sobretudo, a vaias aos políticos, em vários momentos, e a faixas e cartazes. Uma delas, levada por um grupo do PSOL, por exemplo, desafiava o prefeito ACM Neto (DEM), depois de a prefeitura ter proibido a exibição de qualquer tipo de material promocional ou publicitário no cortejo. "ACM Neto, venha tomar minha faixa! Pelo direito à liberdade de expressão", dizia o texto, assinado pelo partido.
Cerca de 60 mil pessoas participaram da festa, segundo a Polícia Militar. Em alguns momentos, faltou espaço nas estreitas ruas da região. Houve confusão, por exemplo, entre a equipe que fazia a segurança de Neto, que seguia no "bloco de oposição", e integrantes do governo estadual, que caminhavam no bloco em frente.
O secretário de Saúde da Bahia, Jorge Solla, reclamou ter recebido uma cotovelada no peito de um segurança do prefeito, que tentava abrir passagem. "Há muitas testemunhas", afirmou. Solla, porém, não precisou de atendimento médico, nem prestou queixa.
"Esta é a principal data da Bahia, a festa da cidadania do Estado e do Brasil, e este ano tem um sabor especial, porque a população já estava nas ruas e chacoalhou a classe política", afirmou o governador, em fala bastante parecida com a do prefeito. "O civismo sempre foi a marca desta festa - e este ano ainda mais", disse ACM Neto. "Temos de buscar entender o recado das ruas."