Jornal Estado de Minas

Oposição marca a tecla do não no plebiscito

Amanda Almeida
"Acho que a proposta que chega hoje ao Congresso Nacional é um desrespeito aos milhões de brasileiros que foram às ruas clamar por saúde, por educação, por segurança, por mobilidade e, principalmente, por respeito" - Senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB - Foto: George Gianni/PSDB/Divulgação
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse nessa terça-feira que a proposta encaminhada pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso com itens para um plebiscito sobre reforma política é “inviável”. Para o potencial candidato à Presidência, a petista não entendeu as reivindicações dos manifestantes. “A presidente da República quer dizer aos brasileiros que aquilo que os levou às ruas foram as propostas que interessam ao PT na reforma política, e não a calamidade da saúde pública, a falência da mobilidade urbana, em especial o transporte público, o aumento da criminalidade”, afirmou.
O presidente nacional do PSDB voltou a defender um referendo sobre o tema e ações que dependem diretamente de Dilma, como a redução de ministérios. “Isso (o referendo) que é o razoável, isso é o correto, isso é respeitar a população brasileira. Acho que a proposta que chega  hoje ao Congresso Nacional é um desrespeito aos milhões de brasileiros que foram às ruas clamar por saúde, por educação, por segurança, por mobilidade e, principalmente, por respeito.”

Já o presidente nacional do PSB, governador de Pernambuco e também potencial candidato em 2014, Eduardo Campos, disse que não há como fazer o plebiscito este ano. “Há incongruência entre a capacidade material de fazer e o tempo que resta ao Congresso e incompatibilidade conceitual, pois a sociedade precisa participar da elaboração das perguntas”, afirmou, acrescentando que “até por efeito de economia para o erário público, (o plebiscito) pode ser feito com a eleição (marcada para 5 de outubro do próximo ano)".

No plenário, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), aliado de Campos, criticou parte das questões sugeridas pela presidente Dilma, como a sobre o fim do voto secreto no Poder Legislativo. “A gente já sabe o que o povo acha sobre o voto secreto”, disse, acrescentando que o eleitor tem direito de saber como o seu deputado ou senador se posicionou em relação a assuntos que hoje têm voto secreto, como a cassação de mandato parlamentar.

O deputado Vanderlei Macris (SP), vice-líder do PSDB na Câmara, também referiu-se ao fim do voto secreto, ao comentar que o tema já faz parte da pauta política da Câmara e do Senado. Para ele, o pedido enviado pela presidente da República reflete uma posição “muito tímida” do governo sobre a reforma política. Na quarta-feira passada, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou proposta de emenda à Constituição que acaba com o voto secreto nas votações em plenário para perda de mandato de deputados e senadores. O texto é de origem do Senado e ainda precisa passar por uma comissão especial, para depois ser votada em dois turnos tanto na Câmara quanto no Senado.

“O voto secreto já é pauta do Legislativo. O que está parecendo é um oportunismo da Presidência, usando uma cortina de fumaça contra as manifestações das ruas. Até o momento, não houve nenhuma posição fechada do governo no sentido de ter mais austeridade”, reclamou Macris.

O líder da minoria, deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), cobrou a solução dos problemas nos serviços públicos e defendeu que a reforma política, após aprovada no Congresso, seja submetida a um referendo. "O que as ruas estão pedindo é educação e saúde. São assuntos prementes que precisam ser resolvidos imediatamente e que dependem da caneta dela (Dilma)”, criticou Leitão.

O líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), aposta no consenso a ser construído por uma comissão especial da Câmara, com contribuições da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Movimento de Combate à Corrupção. (Com agências)