A presidente Dilma Rousseff classificou como “grave desrespeito” o fato de vários países europeus terem fechado o espaço aéreo para o avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, nessa terça-feira. Segundo a presidente, que declarou repúdio ao fato, a suposta presença de Edward Snowden no avião, usada como pretexto para os países tomarem a medida, é "fantasiosa" e “inaceitável”. “O noticiado pretexto dessa atitude inaceitável – a suposta presença de Edward Snowden no avião do Presidente –, além de fantasiosa é grave desrespeito ao Direito e às práticas internacionais e às normas civilizadas de convivência entre as nações. Acarretou, o que é mais grave, o risco de vida para o dirigente boliviano e seus colaboradores”, criticou em nota divulgada na tarde desta quarta-feira.
Com duras crítica, Dilma afirma que o ocorrido atinge toda a América Latina e compromete o diálogo do continente com a Europa. “O constrangimento ao presidente Morales atinge não só a Bolívia, mas a toda América Latina. Compromete o diálogo entre os dois continentes e possíveis negociações entre eles. Exige pronta explicação e correspondentes escusas por parte dos países envolvidos nesta provocação”, salientou.
Ainda de acordo com o texto assinado por Dilma, a postura é contraditória, já que os governos europeus denunciam que têm sofrido com espionagem de funcionários feita pelos Estados Unidos e que veio a público após denúncias de Snowden. “Causa surpresa e espanto que a postura de certos governos europeus tenha sido adotada ao mesmo momento em que alguns desses mesmos governos denunciavam a espionagem de seus funcionários por parte dos Estados Unidos, chegando a afirmar que essas ações comprometiam um futuro acordo comercial entre este país e a União Europeia”, ressaltou.
O avião do presidente boliviano Evo Morales decolou nesta quarta-feira de Viena, na Áustria, onde teve que fazer uma escala na terça-feira depois que vários países europeus fecharam o espaço aéreo pela suspeita de que transportava o fugitivo americano Edward Snowden.
O avião presidencial fará uma escala nas Ilhas Canárias (Espanha), anunciou Morales em uma entrevista coletiva. A Espanha e outros países europeus autorizaram nesta quarta-feira a entrada da aeronave em seu espaço aéreo. Mais cedo, o presidente da Bolívia, Evo Morales, reclamou da maneira como foi tratado depois que seu avião foi desviado para Viena na terça-feira.
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, conversou por telefone com o chanceler da Bolívia, David Choquehuanca, e expressou repúdio do governo brasileiro ao episódio e classificou de arrogante a atitude dos europeus.
A Bolívia já anunciou que vai denunciar Portugal, Espanha, França e Itália na Comissão dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) por terem fechado o espaço aéreo ao avião do presidente Evo Morales.
Com agências