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CCJ aprova mudança na arrecadação de direito autoralProjeto que prevê fiscalização do Ecad volta para SenadoSenado aprova resolução para que cidadão possa opinar sobre projetos em tramitação na CasaO senador Humberto Costa (PT-PE), relator da matéria, afirmou que o projeto não acaba com o Ecad, apenas estabelece regras “que todo monopólio deve seguir”. Ele destaca que o sistema de arrecadação atual vive uma crise de credibilidade, pois há um senso comum de que não é preciso pagar e, quando há a cobrança da taxa, não se sabe se o autor é o real beneficiário. Segundo Costa, o texto é um instrumento para garantir o direito, protege o artista e cria regras claras. O valor reservado ao Ecad na produção de uma festa, por exemplo, em que não está claro exatamente a quem pagar o montante, o dinheiro só poderá ser retido por cinco anos. Depois desse prazo, deverá ser dividido proporcionalmente entre os detentores dos direitos autorais. Atualmente, o valor fica para o órgão. O rascunho do projeto foi escrito no fim da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigou um esquema de suspeita de fraude no pagamento dos direitos autorais.
O cantor e compositor Carlinhos Brown afirma que a medida dá mais transparência ao órgão. “Não somos contra o Ecad, só queremos que seja fiscalizado e isso não é interferir. Não é uma questão monetária, mas de direito”, disse. A cantora Gaby Amarantos também engrossou o coro a favor do projeto. Segundo ela, a direção atual do órgão é confusa. “Eu recebo um e-mail com um relatório dizendo que arrecadei um valor e eles depositam outro na minha conta. Não tem controle”, reclama. Os artistas conseguiram acelerar a tramitação do projeto após uma reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Também estiveram presente o “rei” Roberto Carlos – que foi recebido pela presidente Dilma –, Caetano Veloso e Erasmo Carlos também estiveram presentes.
A direção do Ecad questiona as mudanças. O gerente de relações institucionais do órgão, Márcio do Val, alega que a proposta é inconstitucional porque, com ela, o estado passa a interferir no direito privado e reclama que o escritório não foi ouvido. “A classe artística está sendo prejudicada. É preciso fazer um debate mais amplo. Quem aplaudiu hoje sentirá na carne o prejuízo”, alertou. Val critica sobre não ter sido feita nenhuma menção com relação aos inadimplentes. “O Ecad deixa de arrecadar mais de R$ 2 milhões por ano. As principais devedoras são as grandes empresas e ninguém fala isso”, frisa. Ele estava acompanhado de um grupo de cantores e, principalmente, compositores, como o sambista Jair Rodrigues.
Tietagem
Enquanto o Senado se preparava para votar o projeto sobre as novas regras de direitos autorais, a presidente Dilma Rousseff sugeriu ao grupo de 15 artistas, em audiência no Palácio do Planalto, a criação de um conselho nacional da categoria, que teria poderes para fiscalizar a arrecadação e a distribuição da receita de direitos autorais no país. De acordo com a ministra da Cultura, Marta Suplicy, a presidente já havia sinalizado sobre uma estrutura, no âmbito do MinC, para ajudar a controlar o recebimento dos recursos pelo Ecad.
Durante a audiência, Paula Lavigne explicou a Dilma como funciona hoje a estrutura de cobrança dos direitos autorais sobre a reprodução da obra de músicos, e relatou que ao menos 11 empresas multinacionais do setor recebem mais do que o artista com maior arrecadação no Brasil, o cantor Roberto Carlos. Segundo Paula, com a aprovação do projeto, o órgão deixa de ser uma caixa preta. “Queremos transparência. O projeto não vai estatizar o Ecad”, explicou.
Dilma dedicou atenção especial ao “rei” Roberto, e a Erasmo Carlos e Caetano Veloso. Ela contou que os três foram referências e marcaram momentos de sua vida. A presidente atendeu a pedido de Roberto e conversou em separado com o cantor por cerca de 15 minutos, antes de o grupo retornar ao Senado. (Colaboraram Karla Correia e Grasielle Castro)
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Ecad
O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição é uma instituição privada formada por nove associações de músicos e compositores. É responsável por captar e dividir os direitos autorais de acordo com música, composição e fonogramas. A regra atual da instituição estabelece uma taxa administrativa de 25% do que é arrecadado pelo artista. E só recebe quem é cadastrado a uma das associações. Com o projeto aprovado ontem, a taxa cai gradualmente para 15% e fica mais fácil abrir novas associações e se cadastrar. Em março, o Ecad e outras seis entidades de defesa dos direitos autorais foram acusados pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por formação de cartel.