O indiciamento de três ex-prefeitos do Norte de Minas, dois deles presos durante a Operação Violência Invisível, da Polícia Federal, desencadeada na última terça-feira (2), pode estancar a sangria nos cofres públicos municipais que perdura há décadas na região. Juntos, Luiz Tadeu Leite (PMDB), ex-prefeito de Montes Claros; Warmillon Braga (DEM), ex-prefeito de Pirapora e Lagoa dos Patos; e José Benedito Nunes Neto (PT), ex-prefeito de Janaúba, colecionam mais de uma centena de processos, a maioria absoluta deles por improbidade administrativa, com dano ao erário.
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Ex-prefeito de Montes Claros está na lista de procurados pela InterpolEx-prefeitos mineiros vão para a cadeia após operação da PFTribunal de Contas do Estado multa 23 prefeitos mineirosEx-prefeito de Montes Claros tem prisão preventiva decretadaVereadores são presos em RO por estelionato e tráficoOs sete presos durante a operação policial que apurou o desvio de mais de R$ 70 milhões em Minas e mais 10 estados entraram com pedido de habeas corpus, distribuído para a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas. Dos três ex-prefeitos, apenas Luiz Tadeu Leite permanece em liberdade. Ele é considerado foragido, de acordo com o delegado da Polícia Federal em Montes Claros Marcelo Eduardo Freitas. De acordo com a PF, o peemedebista está em Miami (EUA) e já foi localizado em um flat. Os federais aguardam apenas a intervenção do FBI para o cumprimento do mandado. O delegado informou que o nome dele foi incluído na lista da Interpol. Segundo a investigação, o desvio de recursos era promovido por meio da negociação fraudulenta de precatórios falsos, usados para compensação tributária de dívidas dos municípios com a União.
Bens
Tanto Tadeu Leite quanto Warmillon Braga têm parte dos seus bens bloqueados, em ações, para possível ressarcimento aos cofres públicos. Warmillon – que foi prefeito de Lagoa dos Patos por dois mandatos e de Pirapora por outros dois – já foi condenado por improbidade administrativa, em sentença do Tribunal de Justiça de Minas, em fevereiro. Ele terá que pagar o valor referente a 100 salários de prefeito à época, por ter tentado restringir a liberdade de expressão, com veiculação de notícias de interesse dele em uma emissora local.
Luiz Tadeu Leite é acusado de desviar mais de R$ 10 milhões dos cofres da Prefeitura de Montes Claros, durante os três mandatos em que foi prefeito. A última denúncia por improbidade administrativa, feita em duas ações apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF), o aponta como responsável pelo desvio de R$ 4,6 milhões, desde 2009, de recursos carimbados da área da saúde. Segundo o MPF, a União fazia o repasse de verba aos núcleos de apoio à Saúde da Família, que só existiam no papel. A prefeitura recebia R$ 20 mil mensais, por cada um dos cinco núcleos criados. No entanto, funcionários foram deslocados para outras áreas, sem que o governo federal fosse comunicado. Já José Benedito Nunes, de Janaúba, é acusado de desviar R$ 300 mil do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos Municipais, com ajuda do irmão, Anderson Nunes Silva, que ocupou o cargo de diretor financeiro do órgão.
Exonerado
O deputado federal Ademir Camilo (PSD-MG) anunciou a exoneração do funcionário de confiança Marcos Vinícios da Silva, lotado em seu gabinete na Câmara dos Deputados, desde 2010, com salário de R$ 3 mil. Ele é o único foragido da primeira fase da Operação Violência Invisível, da Polícia Federal. Marcos Vinícios presidia o PDT de Araçuaí, uma das cidades investigadas pela operação, e coordenou a campanha do deputado na última eleição, quando ele disputou pelo PDT.