O advogado Sânzio Baioneta Nogueira, que defende o ex-prefeito de Montes Claros Luiz Tadeu Leite (PMDB), negou nessa quinta-feira que seu cliente esteja foragido. Em contrapartida, o advogado disse que não sabia onde o ex-prefeito estava. Desde a última terça-feira (2), o nome do ex-prefeito tenha sido incluído pelos procurados pela International Criminal Police Organization (Interpol).
Leia Mais
Ex-prefeito de Montes Claros está na lista de procurados pela InterpolEx-prefeitos mineiros vão para a cadeia após operação da PFPF desarticula quadrilha por desvio de recursos em Minas e outros 10 estadosPrefeitura de Montes Claros cria complemento de renda para beneficiários do Bolsa-FamíliaEx-prefeito de Montes Claros tem prisão preventiva decretadaO esquema foi desmontado pela Polícia Federal, na operação “Violência Invisível”, na última terça-feira (2), quando sete pessoas foram presas, entre elas os também ex-prefeitos Warmillon Fonseca Braga (DEM), de Pirapora; e José Benedito Nunes (PT), de Janaúba.
O ex-prefeito de Montes Claros se encontra nos Estados Unidos desde maio. O delegado Marcelo Eduardo Freitas, chefe da Delegacia da PF em Montes Claros, que comandou a operação, declarou que ele foi considerado foragido.
Tratamento médico
O advogado do ex-prefeito informou Luiz Tadeu faz tratamento médico nos EUA. “Ele não pode ser considerado como foragido, pois, no dia 21 de junho, foi comunicado à Polícia Federal que o ex-prefeito Luiz Tadeu Leite, naquela data, estava internado no Hospital Monte Sinai, em Miami”, disse o advogado, acrescentando que também foi informado que o retorno do seu cliente ao Brasil está marcado para 10 de agosto.
Baioneta afirmou que Tadeu Leite “perdeu quase 100% do intestino grosso” em razão de uma diverticulite e usa uma bolsa de colostomia, que teria apresentado um problema de entupimento, o motivo de sua internação no hospital de Miami. “Agora, ele terá que ser submetido uma cirurgia de altíssimo risco. O tratamento nos Estados Unidos foi indicado por médicos brasileiros e cirurgia não será feita em Miami, mas sim em Houston”, alegou
Nogueira.
Investigações
De acordo com as investigações, o mentor do esquema de fraudes em licitações para a aquisição de precatórios falsos, visando a compensação tributária de dívidas é o empresário Mateus Roberte Carias, da empresa capixaba Digicorp Consutoria e Sistemas Ltda, preso na operação “Violência Invisível”. A empresa oferecia os precatórios para os municípios com desconto de 30%. Só que, de acordo com as investigações, os papéis eram falsos, sem nenhum valor legal, ocasionando prejuízos para os cofres públicos. Marcus Vinicius da Silva, conhecido como “Marquinho”, que oferecia o “negócio” para as prefeituras, também teve prisão decretada, mas continuava foragido até a tarde dessa quinta-feira.
O grupo investigado pela Polícia Federal atuou em mais de uma centena de cidades em 11 estados (MG, SP, RJ, ES, BA, PE, SE, PB, MA, PA e SC). Em Minas Gerais, segundo a PF, foram causados prejuízos de mais de R$ 70 milhões em 11 cidades.
O Município Montes Claros (na gestão de Tadeu Leite, de 2009 a 2012) adquiriu R$ 13,957.219,48 e foram pagos R$ 9.367.901,49. “Mas, a prefeitura também foi vítima e entrou com uma ação contra a empresa envolvida para que o dinheiro seja devolvido”, afirmou o advogado. Nogueira sustenta que Tadeu Leite aceitou a aquisição dos precatórios da Digicorp porque “confiou na assessoria jurídica da prefeitura e não tinha conhecimento de que os títulos eram falsos”.