Jornal Estado de Minas

Protestos entram no segundo mês

Com menos participantes, manifestações mantêm atos de violência. No Rio, vizinhos querem que governador se mude

Étore Medeiros
O segundo mês de protestos no Brasil começou com novos episódios de violência. Na noite de quarta-feira, após horas de protesto pacífico, manifestantes e policiais entraram em confronto no Leblon, reduto da elite carioca e um dos metros quadrados mais caros do país. O gás lacrimogêneo, cujo efeito podia ser sentido de dentro de algumas residências, foi o estopim para que moradores do bairro lançassem um abaixo-assinado, solicitando ao governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) que passe "a morar no lugar destinado a ser moradia do governador do Estado do Rio de Janeiro: o Palácio Laranjeiras", diz trecho do documento, escrito pela psicóloga Cynthia Clark, de 60 anos.
"Não tenho esperança de que ele vá atender o pedido, mas pelo menos ele vai ficar sabendo que tem vizinhos que estão descontentes desde 2007, quando ele assumiu o primeiro mandato e as passeatas começaram a passar por aqui", explica Cynthia, que apoia as manifestações, desde que pacíficas. Ela reside na Rua Aristides Espíndola, mesma de Cabral, onde durante 10 dias o grupo Ocupa Cabral montou acampamento para pedir audiência com o Poder Executivo estadual. Antes de ser atendido, no entanto, foi expulso da rua, na madrugada de terça-feira.

Em Recife, os rodoviários decidiram, em assembleia realizada na noite de ontem, por unanimidade, continuar com a greve, inclusive neste fim de semana. No sexto dia da paralisação, ontem, houve novo confronto entre trabalhadores, usuários e polícia no Terminal da Macaxeira. A possibilidade de normalização foi votada pela categoria, mas não foi acatada. A classe informou que só voltará a discutir o término da paralisação na segunda-feira se a classe patronal assinar uma ata e registrá-la no Ministério do Trabalho informando que não haverá demissão dos trabalhadores que participaram da greve, tampouco desconto nos salários pelos cinco dias de paralisação.

Na Região Nordeste, índios de sete etnias interditaram durante a tarde de ontem a Estrada de Ferro Carajás, importante via de escoamento de minério de ferro da Vale para o porto de São Luís. O grupo ocupava havia 10 dias a sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) no Maranhão, em protesto por melhorias no atendimento médico. Como não foi atendido, transferiu a ocupação para a estrada de ferro.

Redução Embora os protestos continuem no centro da agenda política e social, o número de participantes tem diminuído consideravelmente. Em Brasília, no início da noite de ontem, poucas dezenas de pessoas entoavam um "Fora, Dilma", diante do Palácio do Planalto, número bem inferior aos 35 mil manifestantes mobilizados em frente ao Congresso Nacional, em 20 de junho. O maior ato previso para o fim de semana, em São Paulo, contra a Usina de Belo Monte, tem pouco mais de 400 participantes confirmados no Facebook.