Jornal Estado de Minas

MP do Rio vai investigar uso de helicópteros por Cabral

Cabral utiliza diariamente helicópteros oficiais para trabalhar, apesar de a distância entre seu apartamento, no Leblon, e o Palácio Guanabara ser de apenas dez quilômetros

Agência Estado
- Foto: Antonio Cruz/ABr
O Ministério Público do Rio instaurou procedimento para apurar se há irregularidades na utilização de helicópteros da frota oficial do Estado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB). O procurador-geral de Justiça, Marfan Martins Vieira, vai oficiar a Secretaria Estadual da Casa Civil, requerendo informações sobre o uso das aeronaves pelo governador e por sua família.
Reportagem da revista "Veja" desta semana mostrou que o luxuoso modelo Agusta AW 109 Grande New, adquirido em 2011 por US$ 9,7 milhões (equivalente a R$ 15,2 milhões à época), é utilizado aos fins de semana pelo governador e por sua família. Às sextas, a aeronave levaria a primeira-dama, Adriana Ancelmo, os filhos do casal, as babás e até o cachorro da família para Mangaratiba, no litoral sul do Estado, onde Cabral tem uma mansão. O governador vai para Mangaratiba aos sábados. Aos domingos, o helicóptero faz dois voos de volta ao Rio: no primeiro viajam Cabral e a família; os empregados são transportados no segundo. A rotina foi revelada à Veja por pelo menos dois pilotos e um funcionário do heliponto do Estado, que não foram identificados. Outro funcionário do heliponto ouvido pela reportagem confirmou as informações.

Cabral utiliza diariamente helicópteros oficiais para trabalhar, apesar de a distância entre seu apartamento, no Leblon, e o Palácio Guanabara, sede administrativa do governo do Estado, em Laranjeiras, ambos na zona sul do Rio, ser de apenas dez quilômetros. A distância entre o palácio e o heliporto do Estado, na Lagoa Rodrigo de Freitas, é ainda menor: 7 quilômetros. Ainda segundo a revista, os voos de Cabral e sua família custam R$ 2,8 milhões aos cofres públicos por ano.

Denúncia


Deputados da oposição, Marcelo Freixo (PSOL), Luiz Paulo (PSDB) e Paulo Ramos (PDT) apresentaram à presidência da Assembleia Legislativa denúncia por crime de responsabilidade e quebra de decoro contra o governador - primeiro passo para o pedido de impeachment. Também entregaram representação ao Ministério Público Federal, pedindo investigação pelo crime de peculato.

"O governador está dizendo que seus deslocamentos em trajetos curtos têm amparo legal. Mas não têm amparo moral. É um completo abuso. Ele não se pronuncia sobre o uso privado, o transporte da sua família, das babás e até do cachorro. Isso não tem amparo legal, nem moral", afirmou Freixo.

Para Luiz Paulo, as denúncias são graves. "Um voo de sete quilômetros em perímetro urbano não guarda o princípio da razoabilidade", afirmou.

'Chateado'

Nesta segunda-feira, após sair de reunião em Brasília com os ministros Miriam Belchior (Planejamento) e Aguinaldo Ribeiro (Cidades), Cabral ficou irritado ao ser questionado por jornalistas sobre o uso dos helicópteros do Estado. Ele afirmou que ficou "chateado" com a foto publicada pela revista em que aparece seu filho utilizando o helicóptero, segundo ele, como se estivesse cometendo alguma irregularidade.

A assessoria de Cabral não respondeu as questões do Grupo Estado sobre os gastos com os deslocamentos de helicóptero do governador. Limitou-se a encaminhar a mesma nota distribuída no domingo, 7. "O governador Sérgio Cabral encara como uma perseguição ao seu mandato informações que soem como 'denúncias' quanto ao uso de helicópteros do Estado para utilização pessoal", diz trecho da nota.