A Câmara Municipal de Belo Horizonte foi desocupada no último domingo, mas os vereadores continuaram longe da Casa. Um dia depois de os manifestantes terem deixado a sede do Legislativo da capital, a reportagem encontrou somente cinco dos 41 parlamentares em seus gabinetes, por volta das 15h. Apesar de já terem anunciado o recesso, desde sábado, quando os jovens tomaram conta do saguão, as férias oficiais dos vereadores só começam na sexta-feira. Marcada por oito dias de assembleias, debates e oficinas, a sede da Câmara voltou ontem ao normal. No lugar dos colchões, o velho sofá, e no que foi foi ocupado pela comissão de comunicação dos manifestantes, a atendente.
As marcas da ocupação – como a pintura feita na calçada com o nome do movimento Assembleia Popular Horizontal e as frases de protesto escritas nas paredes dos banheiros – foram sendo retiradas aos poucos durante o dia. Logo pela manhã, os funcionários da Casa tomaram o lugar da comissão da limpeza dos manifestantes e deram continuidade à faxina iniciada no domingo pelos jovens. Os seguranças, antes de prontidão no saguão, voltaram aos corredores: “Vocês tinham de mostrar que conseguimos fazer a segurança da Casa, nada foi estragado”, pediu um dos seguranças à reportagem. Outro elogiou os manifestantes: “Todos foram educados e a convivência ocorreu de forma bem tranquila durante esses oito dias. Foi uma ocupação muito pacífica”.
Segundo os participantes do protesto, a partir de hoje seguem as ações previstas pelo grupo, como panfletagens em estações de metrô e pontos de ônibus. Além disso, no próximo sábado está marcada uma nova reunião da Assembleia Popular Horizontal sob o Viaduto Santa Tereza, Bairro Floresta, Região Leste da capital. Os vereadores só voltam a trabalhar em 1º de agosto, quando acaba o recesso parlamentar.
Enquanto isso...
...Vereador detido
O vereador Arnaldo Godoy (PT) foi ontem à delegacia do Bairro Caiçara, Região Noroeste da capital, dar queixa do roubo de seu carro e acabou detido. Ele foi informado pelo delegado que havia em seu nome um mandado de prisão desde 2001 por não pagamento de pensão alimentícia. O petista explicou que quando era secretário de Cultura, em 1999, a pensão da sua filha, hoje com 24 anos, era descontada do contracheque. “Em março de 2000 virei vereador, achei que também seria descontado do salário automaticamente”, contou. No entanto, isso não aconteceu e, segundo ele, sem saber, ficou oito meses sem pagar o benefício à filha até que a ex-mulher foi reclamar na Justiça, em 2001. Na época, Godoy quitou toda a dívida, mas o mandado ficou em aberto. “O mais curioso é que eu fui eleito em 2000, reeleito em 2004, 2008 e 2012 e nunca tive problemas com a polícia”, afirmou. Segundo o vereador, o juiz deu baixa no mandado ontem por volta das 16h, depois de ele ter comprovado o pagamento da pensão alimentícia.