Brasília – O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), deve reunir nesta terça-feira extraordinariamente os integrantes para discutir as denúncias de espionagem a cidadãos brasileiros pelos Estados Unidos. Em pauta, pedidos de explicações às autoridades brasileiras, ao embaixador norte-americano, Thomas Shannon, além de representantes das empresas Google e Facebook no Brasil.
O presidente da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), marcou reunião para esta quarta-feira. Ele vai sugerir uma audiência pública para analisar o impacto das denúncias à segurança nacional.
“[Rechaçar] a prática atentatória à legislação interna e às normas de convivência entre as nações não é uma questão ideológica, mas uma reação necessária face à gravidade da ofensa, que atinge também inúmeros outros países, colocando em risco, além das liberdades individuais, interesses econômicos e políticos estratégicos”, diz a nota.
No Senado, a comissão deve votar requerimentos para ouvir os ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores), Celso Amorim (Defesa), Paulo Bernardo (Comunicações) e José Elito Carvalho Siqueira (Gabinete de Segurança Institucional), além do embaixador norte-americano, assim como os representantes do Google e do Facebook.
Informações publicadas pelo jornal O Globo dizem que houve um escritório da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) em Brasília, que atuava em conjunto com a Agência de Inteligência dos Estados Unidos (cuja sigla em inglês é CIA). Anteriormente, o jornal publicou reportagem informando que os contatos eletrônicos e telefônicos de cidadãos brasileiros estariam sendo monitorados pelos norte-americanos.
Patriota admitiu que recebeu com “grave preocupação” as informações. Ele disse que o governo brasileiro lançará iniciativas na Organização das Nações Unidas (ONU) pelo estabelecimento de normas claras de comportamento para os países quanto à privacidade dos cidadãos e à preservação da soberania dos demais Estados.
O Itamaraty pretende ainda pedir à União Internacional de Telecomunicações (UIT), em Genebra, na Suíça, o aperfeiçoamento de regras multilaterais sobre segurança das telecomunicações. As informações sobre espionagem a cidadãos brasileiros vieram à tona a três meses da primeira visita de Estado da presidenta Dilma Rousseff aos Estados Unidos.