Jornal Estado de Minas

CUT diz que não sairá das ruas sem resposta do governo

O presidente da CUT-SP, Adi dos Santos Lima, disse ainda que achou acertada a decisão de militantes ligados ao PT de não participarem abertamente dos atos convocados pelas centrais ontem

Agência Estado
O presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT-SP), Adi dos Santos Lima, disse em entrevista exclusiva à TV Estadão que ficou satisfeito com o resultado das mobilizações desta quinta-feira, 11, durante o Dia Nacional de Lutas. E garantiu que o movimento sindical não sairá das ruas caso o governo não apresente respostas concretas à demanda das centrais. "Eu não vejo outra saída na democracia a não ser pressão e negociação", disse.
Segundo ele, 'apenas reuniões' não irão resolver as demandas dos trabalhadores. "Se o governo não se mover da sua posição de reunião e não apresentar algo concreto, é evidente que as centrais não podem sair das ruas. E aí teremos de pensar em mobilizações mais fortes", disse, reforçando que a CUT é contra uma futura convocação de greve geral, como tem sido cogitado por outras centrais. "A pauta das centrais é dirigida, não temos uma pauta que seja contra o governo, não é uma pauta contra o sistema. Achamos que uma greve geral não seria bem-vinda dentro dessa pauta."

Questionado sobre a dimensão das manifestações convocadas recentemente pelas redes sociais ter sido bem maior do que a das centrais, Adi rechaçou a comparação e defendeu que "as vontades precisam ser expressas" independentemente de ligações partidárias ou sindicais. "Nós não podemos ter o monopólio da representação no País inteiro", afirmou.

Ele reconheceu, no entanto, falhas de representatividade das centrais atualmente e disse que a estrutura atual precisa ser revista. "É evidente que os sindicatos precisam fazer uma autocrítica em relação à comunicação com a juventude", afirmou. "Possivelmente nós tenhamos um momento rico para repensar os caminhos."

Adi reforçou que a CUT defende o fim do imposto sindical e que essa extinção seria uma forma de revitalizar a força da categoria. "É preciso mexer profundamente na estrutura sindical brasileira", disse. "Não dá para ter essa indústria de sindicatos no Brasil hoje, que na grande maioria não serve para nada."

Segundo ele, o gesto de acabar com o imposto seria importante para os trabalhadores. "Infelizmente nós não conseguimos ter adesão das outras centrais para acabar com o imposto sindical. Aí sim nós teríamos sindicatos fortes, atuantes, que teriam representatividade", disse.

Pagamento

Questionado se procediam as denúncias de que algumas centrais teriam pago para manifestantes comparecerem ontem nos atos da Avenida Paulista, em São Paulo, o presidente da CUT-SP afirmou que "essa não é uma prática da CUT". "Já ouvi falar também que tem centrais sindicais que alugam esse tipo de serviço, mas eu não posso afirmar nada porque não tenho conhecimento de nenhuma situação como essa. O que eu posso afirmar é que essa não é a prática da Central Única dos Trabalhadores", disse.

Adi explicou que a decisão de deixar de lado a defesa da reforma política nos atos de ontem não foi tomada para evitar manifestações contra a presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, a reforma política estava na pauta acordada pelas entidades, mas nos últimos dias "algumas centrais decidiram não concordar mais".

Segundo ele, não existe clima no Brasil para expor "essa questão de 'Fora Dilma'". "É evidente que a questão político-partidária permeia essas manifestações, como foi a questão do PDT, ou melhor, do Paulinho (presidente da Força Sindical), que colocou claramente que não queria debater a questão da reforma política nessa manifestação", disse. Para Adi, não Estado que está em curso. Pode ser a Dilma, pode ser um outro presidente", afirmou.

O presidente da CUT-SP disse ainda que achou acertada a decisão de militantes ligados ao PT de não participarem abertamente dos atos convocados pelas centrais ontem. "Isso não significa que eles não deverão estar juntos em outras manifestações", completou.