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Presidente da Câmara espera retomar votação dos royalties na próxima 3ª feiraCâmara acelera tramitação de projeto sobre a dívida de estados e municípiosCâmara aprova MP que desonera folha e torna hereditária as permissões de táxi Câmara dos Deputados gasta R$ 5 milhões anuais com suplentes de deputadosO primeiro ponto a se destacar no levantamento é que a votação da reforma política, trazida à tona pela presidente Dilma Rousseff como principal resposta ao clamor popular, só foi alvo de comentários de eleitores após a iniciativa presidencial. De todas as manifestações feitas sobre o assunto neste ano, 81% surgiram entre 1º e 5 de julho. E entre as mensagens surgidas a respeito do tema, poucas já foram contempladas pelas discussões feitas pelo governo e pelos parlamentares (veja quadro).
Na lista de demandas populares recebidas pela Câmara predomina o interesse da população em reduzir benefícios e custos dos deputados e senadores. Os eleitores pediram ainda o fim da imunidade parlamentar, que torna os membros do Congresso invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras ou votos e livres de serem presos — a não ser em flagrante ou após condenação transitada em julgado.
Houve também pedidos para que a corrupção se torne um crime hediondo e que o foro privilegiado seja extinto. Ambas as propostas ganharam fôlego no Parlamento nos últimos dias, mas podem não ter um desfecho neste semestre.
O diretor da organização não governamental Contas Abertas, Gil Castelo Branco, critica o distanciamento entre os congressistas e os eleitores. “Parece uma conversa na torre de Babel, cada um fala uma língua”, comenta. “As demandas das ruas continuam no ar, à espera de um retorno e, se continuar essas respostas pífias para os enormes pedidos da sociedade, muito provavelmente as manifestações vão voltar em maior volume.” O líder do PSOL na Câmara, Ivan Valente (SP), admite que o Parlamento não está ainda totalmente em sintonia com a população. “Uma grande parte do que se vota favorece grandes empresas e deixa de lado a sociedade em geral”, argumenta. “O Congresso está muito desgastado com a sociedade, precisa se relegitimar com demandas que atendam as principais questões. O voto secreto não ter sido votado ainda, por exemplo, é estar surdo à voz das ruas”.
CONTATOS O levantamento feito pela Coordenação de Participação Popular da Câmara foi baseado em demandas que chegam espontaneamente à Casa pelo site www.camara.leg.br e pelo telefone 0800-619-619. De janeiro a 5 de julho foram feitos 32.770 pedidos sobre propostas que devem ser analisadas, alguns direcionados para parlamentares, outros citando especificamente um projeto ou um assunto.