A Câmara dos Deputados gasta cerca de R$ 5 milhões anuais para manter nada menos que 44 servidores comissionados à disposição de parlamentares suplentes da Mesa Diretora, que têm como única função substituir os titulares quando necessário. Embora contem com um batalhão de assessores em seus próprios gabinetes — cada um pode ter 25 comissionados —, os quatro suplentes têm o direito de empregar, cada um, mais 11 funcionários pela função. Na prática, os cargos de confiança servem para abrigar apadrinhados e indicados pelos partidos, que no dia a dia são desviados para servir ao mandato dos parlamentares.
A estrutura é fixa e onerosa, mas o trabalho diretamente relacionado à substituição na Mesa Diretora — função principal dos suplentes, de acordo com o regimento da Casa — é raro. A Câmara informou que nenhum dos quatro suplentes de secretários precisou deixar o banco de reservas e assumir a titularidade do cargo nesta legislatura. Na prática, a maioria dos funcionários nem aparece nas salas da suplência e trabalha, em outros locais, em atividades relacionadas diretamente ao mandato do parlamentar, como produção de projetos e discursos.
As quatro pequenas salas de suplência não têm nem mesmo mesa e computador suficientes para os 44 comissionados. “Tenho quatro funcionários que ficam permanentemente por lá. Outros atuam em áreas diversas, correndo de lá para cá, atrás de informações sobre projeto”, alega o primeiro suplente da Câmara dos Deputados, deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE). Ele diz que o trabalho do cargo é “puxado”. “Os deputados não têm acesso direto ao presidente e vice da Mesa. Então, os suplentes são muito requisitados para fazer o meio de campo. Eles sempre nos procuram para pedir para colocar projeto deles na pauta. Além disso, participamos de todas as reuniões da Mesa.”