O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, reiterou nesta segunda-feira que aguarda as informações oficiais do governo dos Estados Unidos sobre as denúncias de espionagem de cidadãos brasileiros, por agências norte-americanas. O chanceler disse ainda que considera “insuficientes” os esclarecimentos fornecidos até o momento. Na semana passada, o governo brasileiro pediu explicações ao Departamento de Estado norte-americano e à Embaixada dos Estados Unidos em Brasília.
“Alguns esclarecimentos foram fornecidos, nós consideramos insuficientes”, disse Patriota, após reunião com o ministro das Relações Exteriores da Nigéria, Olugbenga Ayodeji Ashiru. “Não há nenhum desenvolvimento adicional em relação aos esclarecimentos que eu forneci à Comissão de Relações Exteriores do Senado e da Câmara, quarta-feira passada.”
Patriota ressaltou que os técnicos dos ministérios da Justiça, da Defesa, da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Itamaraty, e do Gabinete de Segurança Internacional trabalham na elaboração de perguntas para a solicitação de mais esclarecimentos. “Ainda não decidimos sobre a missão técnica. Ainda está em consideração como será a próxima etapa [de trabalhos]”, disse ele.
Com base em dados obtidos pelo norte-americano Edward Snowden, que trabalhava para uma prestadora de serviços à Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, aos quais teve acesso, o jornal O Globo publicou reportagens segundo as quais há indicações de que cidadãos brasileiros foram monitorados.
As reportagens mostram ainda que havia uma espécie de escritório da NSA em parceria com a Agência de Serviço de Inteligência norte-americana (CIA) em Brasília.
Na última quarta-feira, Patriota e os ministros Celso Amorim (Defesa) e José Elito Siqueira (GSI) participaram de audiência pública conjunta do Senado e da Câmara sobre as denúncias de espionagem.
Patriota acrescentou hoje que as conversas entre os chanceles dos países do Mercosul (Brasil, Uruguai, Argentina e Venezuela, o Paraguai não está incluído porque a suspensão ainda é válida) evoluem no sentido de pedir explicações aos embaixadores da Itália, da Espanha, de Portugal e da França sobre a proibição de sobrevoo e aterrissagem ao avião do presidente Evo Morales. A proibição foi motivada pela suspeita de Snowden estar escondido na aeronave.
Para o Mercosul, é fundamental que os europeus prestem esclarecimentos e peçam desculpas ao presidente boliviano.