De acordo com Freitas, o empresário cumpre prisão preventiva no estado vizinho, juntamente com a mulher dele (e sócia) Rosilene Trindade Carias e Ademilson Emídio de Abreu, colaborador do grupo criminoso. “Por enquanto, eles continuam presos no Espírito Santo porque também respondem a outros processos lá. Mas, vamos pedir a transferência de todos eles para Minas”, informou o delegado da PF.
Ele disse que Mateus, Rosilene e Ademilson já foram denunciados pelo Ministério Público Estadual pela venda dos títulos para a prefeitura de Janaúba, juntamente o ex-prefeito da cidade, José Benedito Nunes Neto (PT)) e o representante comercial Marcos Vinicius da Silva, o “Marquim”, que agia como “lobista”, oferecendo o “negócio” para os prefeitos. O ex-prefeito esteve preso temporiamente e foi liberado na madrugada da última sexta-feira.Logo após ser libertado, ele divulgou nota, alegando ser inocente e que, ao tomar conhecimento da fraude, cancelou o contrato com a Digicorp. Contudo, na denúncia do MP, é apontado o envolvimento dele com o grupo criminoso.
Já “Marquim” está foragido. Ele tinha sido nomeado no cargo de asssessor no gabinete do deputado federal Ademir Camilo (PDT) e foi exonerado após a ação da PF. Mesmo foragido, Marcos Vinicius concedeu entrevista a um site de Araçuaí, sua terra natal, na qual alegou inocência e afirmou que as dificuldades financeiras dos municípios contribuíram para os prefeitos aceitarem a negociação dos precatórios. “Toda documentação que a empresa mandava, estava autenticada não dando nenhuma brecha para pensar em falsificação. Os prefeitos são vitimas. Não tem qualquer propina para prefeitos ou servidores públicos . Só fizeram porque o negocio parecia totalmente lícito e para os municípios era excelente pois todos passam por dificuldades”, declarou. Quanto aos responsáveis pela fraude, respondeu: “a Policia Federal está investigando e acredito que vai chegar aos verdadeiros bandidos”.
Além do trio do Espírito Santo, ligados diretamente à Digicorp, dos detidos na Operação Violência Invisível, continua preso o ex-prefeito de Pirapora, Warmillon Fonseca Braga (DEM), outro suspeito de envolvimento com o esquema de negociação dos precatórios falsos. Depois da operação da PF, foi expedido um mandado de prisão preventiva contra Warmillon em um processo no qual é acusado de superfaturar e direcionar licitação para contratar empresa de prestação de serviços de limpeza urbana. Ontem, foi divulgado um outro mandado de prisão contra o ex-prefeito de Pirapora, referente a um inquérito aberto pelo Ministério Público para apurar denúncia de desvio de dinheiro público referente as comemorações do Centenário da cidade, no ano passado. A reportagem tentou, mas não conseguiu contato com o advogado do ex-prefeito.
Ainda durante a ação da PF, a juíza de Pirapora, Arlete Aparecida Coura expediu mandado de prisão contra o ex-prefeito de Montes Claros, Luiz Tadeu Leite (PMDB), pela suspeita de envolvimento com o grupo responsável pelas fraudes com o uso dos precatórios falsos. Porém, o mandado não foi cumprido uma vez que Tadeu Leite encontra em viagem ao Estados Unidos. Ele foi considerado foragido pelo MP e pela PF, mas, o advogado do ex-prefeito, Sanzio Baioneta Nogueira, alegou que ele encontra-se em tratamento médico e que “não existia necessidade” da prisão preventiva, que acabou sendo revogada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Baioneta disse que seu cliente nega todas as acusações e anunciou que assim que retornar ao Brasil, em 8 de agosto, o ex-prefeito vai prestar esclarecimentos á Justiça. O processo foi desmembrado, com a parte referente a Tadeu Leite sendo transferida da Comarca de Pirapora para a Comarca de Montes Claros.