Às vésperas de sair em recesso branco, parlamentares do PMDB reuniram-se em um jantar, na terça-feira, para celebrar o fim do semestre. Sem direito a férias, por não terem conseguido aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) a tempo, deputados e senadores ignoram a proibição constitucional e entrarão em recesso branco, por decisão tomada em plenário. Apesar de não poderem, não haverá votações nem sessões deliberativas até 31 de julho, quando acabaria oficialmente o período de descanso. Durante o jantar, até por questão de bom senso, a bancada entendeu que é melhor tomar cuidado com fotografias “de feriado”. A ideia é evitar ser flagrado divertindo-se no exterior ou descansando na praia.
O clima no jantar foi de confraternização. Os parlamentares presentes afirmaram que as conversas foram descontraídas em boa parte do encontro. Além da bancada na Câmara, também foram ao encontro o vice-presidente Michel Temer, o senador e presidente em exercício da legenda, Valdir Raupp (RO), além dos ministros da Agricultura, Antônio Andrade, e da Previdência Social, Garibaldi Alves.
O cardápio principal não foi nem o presunto de Parma nem o shimeji servidos. Dominaram os assuntos nas mesas as reclamações do tratamento dado ao PMDB pela presidente Dilma Rousseff. Também a insatisfação em relação ao papel de Temer no Planalto é crescente, apesar das promessas feitas por ele de que a relação com o PT vai melhorar. Os deputados se mostram descrentes em relação a essa mudança e a credibilidade do vice-presidente foi posta em dúvida, durante o jantar. Ninguém escondeu o descontentamento devido à presidente Dilma Rousseff ter viajado a Ponta Grossa (PR) e não haver convidado nenhum peemedebista para acompanhá-la, como havia prometido. “Em outros tempos, quando o presidente Temer chegava, todos se levantavam como cortesia. Na terça-feira, todos ficaram como estavam. Do jeito que ele entrou ele saiu”, relatou um parlamentar.
Somou-se a isso a dificuldade relatada por ministros em tocarem suas pastas com autonomia. Antônio Andrade, por exemplo, reclama que os melhores projetos são levados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e não por ele. Aliados de Temer disseram que as queixas já haviam sido levadas para a presidente Dilma. “Ela já havia se comprometido a atender as demandas. Se mudou de ideia, não se pode responsabilizar o Temer”, conta um deputado. No jantar, o vice-presidente comprometeu-se a, mais uma vez, tentar conversar com Dilma. Ele seguirá a série de audiências que tem feito com a bancada para, no fim, levar um relatório da insatisfação dos peemedebistas para a presidente.
Voto aberto para a mesa
A Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado aprovou ontem um projeto que prevê o voto aberto para a escolha da presidência da Casa e das comissões permanentes. Hoje, as sessões desse tipo, como a que elegeu o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) presidente do Senado, são secretas. Já tramita na Casa uma proposta que prevê o fim do sigilo em todas as circunstâncias previstas no regimento. Outro projeto, que tramita na Câmara, determina o fim do voto secreto em casos de cassação de mandato.