Brasília - A votação dos royalties do petróleo para educação e saúde foi adiada para depois do recesso parlamentar, mas entidades dizem que é preciso permanecer focado. A briga é para que se mantenha a decisão da Câmara dos Deputados. Por outro lado, caso a proposta da Câmara seja aprovada, o governo teme a judicialização que pode dificultar o repasse de recursos para os dois setores. A defesa é pela aprovação do projeto tal como aprovado pelo Senado Federal.
Apesar de os deputados terem rejeitado praticamente todo texto aprovado pelo Senado ainda restam destaques a serem analisados. Se os destaques forem aprovados, pontos do texto do Senado podem ser retomados à proposta.
Em carta aberta, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, rede composta por mais de 200 organizações em todo o Brasil, pede que os deputados rejeitem os destaques: “o parlamento deve, antes de tudo, beneficiar os direitos sociais, especialmente quando são legitimados pela participação cidadã”.
Em entrevista à imprensa nesta semana, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse que o adiamento da votação não prejudica os avanços feitos até o momento e foi mais flexível quanto a proposta a ser aprovada: “Estamos lutando há muito tempo por isso . Estávamos com dificuldade de a Câmara aceitar, da outra vez mandamos uma Medida Provisória e ela foi rejeitada . Felizmente agora nós aprovamos na Câmara e no Senado, falta concluir a votação. Qualquer que seja a solução vai ser uma boa solução para o Brasil”.
O Fundo Social do pré-sal, segundo publicação no portal do governo, terá como recursos a parcela do valor do bônus de assinatura dos contratos de partilha de produção, a parcela dos royalties que cabe à União e a receita obtida com a venda de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos. Além dos royalties e a participação especial dos blocos do pré-sal já licitados destinados à administração direta da União e os resultados de aplicações financeiras do próprio fundo.
O objetivo é criar uma fonte de recursos para o desenvolvimento social e regional, por meio de programas e projetos nas áreas de educação, cultura, saúde pública, previdência, ciência e tecnologia e meio ambiente. A preocupação do governo é que o fundo seja desestruturado caso seja utitlizado o principal e não os rendimentos. De modo que no futuro não haja recursos.
Defendendo a posição das entidades civis e baseando-se em projeções de envelhecimento da população, o doutor em educação, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Nelson Cardoso, diz que é necessário investir o principal. “Com a redução da população em idade escolar nos próximos anos, esse é um recurso que ou se usa agora, ou não se usa. Usando apenas o rendimento do fundo, serão menos recursos”. Ele compara o investimento a uma poupança familiar. “É o mesmo que receber um dinheiro, querer guardar para os tataranetos e esquecer dos filhos”.
A diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, defende que, independente da proposta aprovada, todos os recursos adicionais sejam investidos nos professores. “Tem que melhorar a atratividade, estimular os professores, cumprir o piso salarial. Investindo nos docentes, estaremos investindo no destino certo. As melhorias vão atrair profissionais cada vez mais qualificados e com isso, melhorar o ensino”.