Adriana Caitano
A direção petista, no entanto, decidiu apoiar a nota divulgada pela liderança do PT na Câmara, na sexta-feira, afirmando que as opiniões de Vaccarezza “não expressam o pensamento nem da bancada nem do PT”. O deputado não foi à reunião – da qual participaram cerca de 80 pessoas, como o ex-ministro José Dirceu, condenado pelo julgamento do mensalão –, mas enviou uma carta na qual se compromete a “trabalhar pessoalmente pela coleta de assinaturas do projeto de decreto legislativo para a realização do plebiscito”, encampada pela legenda.
Munidos de cartazes com os dizeres “Sou PT e quero plebiscito – Vaccarezza não me representa”, militantes petistas postaram-se diante da sede da legenda desde cedo e pediram a saída do deputado da comissão de reforma política. Do lado de dentro, o ex-presidente do partido José Eduardo Dutra foi um dos poucos que saíram em defesa do parlamentar. “Não dá tempo de aprovar até outubro deste ano uma reforma política com efeitos para as eleições de 2014. Nem plebiscito nem comissão da Câmara produzirão resultados agora”, disse Dutra. Ex-senador, ele defendeu a proposta da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que prevê proibição de doações por parte de empresas e eleição em dois turnos para deputados. “Precisamos ter foco para viabilizar alguma mudança para 2014. A Ficha Limpa foi aprovada no Congresso em um mês”, argumentou.
Nos últimos dias, Vaccarezza e a bancada do PT protagonizaram um bate-boca público sobre a reforma política. Na sexta-feira, o líder do partido na Câmara, José Guimarães (PT-SP), divulgou uma nota dizendo que as opiniões de Vaccarezza “não expressam o pensamento nem da bancada na Câmara nem do PT”. Outros 40 dos 89 deputados do PT assinaram manifesto em solidariedade a Henrique Fontana (PT-RS), que deixou a comissão da reforma política depois que Vaccarezza assumiu. O documento chama de conservadora a decisão do presidente da Câmara de criar “mais uma comissão” para a reforma política em vez do plebiscito. (Com agências)