O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira a realização de um plebiscito para reforma política, bandeira encampada pelo PT após a Câmara dos Deputados enterrar a proposta sugerida pela presidente Dilma Rousseff. "Vamos fazer a reforma política, vamos fazer plebiscito. Por que temos medo dessas coisas?", questionou o ex-presidente, durante discurso no Festival Latinidades - Festival da Mulher Afro Latino Americana e Caribenha, em Brasília.
Lula disse que vê de forma positiva as manifestações populares registradas em junho e que "democracia não é um pacto de silêncio". "A humanidade nunca pode se conformar com o que conquista", afirmou.
À plateia que lotou o auditório do Museu Nacional, Lula reforçou que "fora da política não tem solução" e que não existe nada melhor que a democracia. "O que incomoda muita gente é o pobre fazendo política", concluiu.
Bem-humorado, Lula brincou com a multa da campanha presidencial de 2010 que ainda não pagou. Ele lembrou que seu partido, o PT não pagará os valores impostos pela Justiça Eleitoral e que a dívida de R$ 10 mil ficou para ele. "É uma desgraça, sou eu quem tem que pagar".
Até o episódio da espionagem dos Estados Unidos não escapou dos comentários irônicos do ex-presidente. Ao falar sobre a política externa brasileira nos últimos anos e a participação do Brasil em blocos de países emergentes e da América Latina sem a participação dos Estados Unidos e Canadá, Lula não resistiu: "E agora estão escutando o nosso telefone. Acho que o Obama está ouvindo, aqui.", brincou.
O ex-presidente participou nesta terça-feira do "Festival Latinidades - Festival da Mulher Afro Latino Americana e Caribenha". Ele tinha participação marcada em uma conferência especial sobre desigualdades de gênero e raça, "políticas públicas e ações afirmativas no governo Lula e sua atuação pós-mandato".