Ao contrário do ex-vice prefeito de Belo Horizonte Roberto Carvalho (PT), que foi jogado para escanteio pelo prefeito Marcio Lacerda (PSB), Délio Malheiros (PV) não para de ganhar nomeações no Executivo da capital mineira. Além de vice-prefeito e Secretário Municipal de Meio Ambiente, ele acumula as funções de presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam), de gerente do Projeto Sustentador Gestão Ambiental, de coordenador do Comitê Municipal sobre Mudanças Climáticas e Ecoeficiência e vice-presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico (Codecon).
Aos poucos, no entanto, para agradar seu aliado, Lacerda foi dando mimos ao partido de Délio Malheiros. E, no mês passado, deu ao PV a pasta mais desejada pelos verdes, a de Meio Ambiente, e nomeou o vice da PBH para ser o chefe dela. Desde então, o ex-deputado não para de ganhar atribuições. A última, publicada no Diário Oficial do Município ontem, foi a de vice-presidente do Codecon. Délio Malheiros disse que pode ser contemplado ainda com mais funções. “Eu tenho dito ao prefeito que se ele achar que eu posso contribuir, irei contribuir”, afirmou.
Caminhos
O caminho de Roberto Carvalho na PBH foi oposto ao de Délio Malheiros. Ele foi um dos principais articuladores em 2008 da aliança entre PT e PSB, que o uniu a Marcio Lacerda. Juntos, eles venceram as eleições mas com menos de seis meses de mandato começaram a aparecer os problemas. Em um encontro do PSB na Câmara Municipal, ainda em 2009 – primeiro ano da gestão –, Lacerda chegou a dizer que seu vice era uma pessoa desagregadora, explicitando que o clima entre os dois já estava tenso. Com o passar dos anos, a relação foi piorando e chegou a ponto de eles pararem de se comunicar. Lacerda reduziu o gabinete de Roberto Carvalho e em 2011 exonerou 17 funcionários do petista na PBH.
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Se Roberto Carvalho ficou com o gabinete esvaziado, Délio Malheiros hoje tem dois, um de vice-prefeito e outro de Secretário de Meio Ambiente. Ele garante, no entanto, que para auxiliá-lo na vice-prefeitura tem nove funcionários. “Seis técnicos e três administrativos”, contou. Na secretaria municipal, ele falou que aproveitou toda a estrutura deixada pela sua antecessora, Carla Maria Miranda. Ele despacha todos os dias na vice-prefeitura, e dia sim, dia não, na Secretaria do Meio Ambiente. As reuniões do Comam ocorrem uma vez por mês. Ele contou que ainda está adequando sua agenda para se dedicar às outras funções.
Funcionário concursado da Assembleia desde 1986, Délio Malheiros disse que optou por ficar com o salário de servidor do Legislativo, que, de acordo com ele, é de pouco mais de R$ 12 mil bruto. O valor é inferior ao salário de vice-prefeito e de secretário municipal, de R$ 15.689. “Optei pelo salário de servidor para não perder o direito à carreira e nem à aposentadoria. Eu me aposento daqui a quatro anos”, justificou. Os servidores da Assembleia contribuem para o Instituto de Previdência do Legislativo do Estado de Minas Gerais (Iplemg), que garante uma aposentadoria maior do que a do INSS.