Leia Mais
Pressão aliada embola votação da LDO e antecipa fériasCongresso fará esforço final antes das fériasSTF entra em férias e só retorna no dia 1º de agostoDilma e Serra atrasam apoio do PSD à reeleiçãoNa prática, sem reuniões deliberativas, os parlamentares ficaram livres de desconto na folha de pagamento. Como não há recesso oficial, porém, os prazos para vencimento de medidas provisórias e textos com urgência constitucional continuam contando – deixando o risco de algumas caducarem nos dias de lazer, antes do retorno das atividades.
No dia 19, uma sexta-feira útil, Nogueira curtia um casamento regado a caipivodka. A cerimônia foi o ponto de partida das férias iniciadas no mesmo dia. Ao lado da mulher, a deputada Iracema Portella (PP-PI), e duas filhas, ele embarcou para Nova York, nos Estados Unidos. “Férias com as filhas e o maridão, perfeitas!”, postou Iracema em uma rede social de fotografia. Segundo a assessoria de imprensa da deputada, ela estava “incomunicável” e não poderia falar com a reportagem. Já a assessoria de Nogueira não retornou os contatos.
Maurício Quintella Lessa, deputado do PR-AL, foi esquiar em Bariloche, na Argentina. Todo empacotado para se proteger contra o frio, postou várias fotos dele e da família na neve, em poses aventureiras. Desde a partida, tudo foi registrado em redes sociais. Reunido à mesa com a família, ele comemorou a “primeira parrillada (churrasco) em Bariloche”. E avisou aos eleitores: “Ficamos até o dia 30”. A assessoria do deputado disse que “não estava entendendo o motivo da reportagem” e, depois de informar que tentaria entrar em contato com o parlamentar, não retornou os telefonemas.
O deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) também aproveitou julho para viajar e visitou a Turquia. Nas redes sociais, publicou fotos e mensagens, mas não respondeu e-mail da reportagem. Ainda assim, comentou fatos da política local: “Logo no primeiro dia, uma visita inevitável, até porque o hotel fica perto. De fato, uma aberração querer acabar com o parque”, escreveu, referindo-se ao Parque de Giza. O governo de Istambul pretendia fechar o parque definitivamente, mas houve manifestações, que culminaram em choque com a polícia local.
Jantar
No dia 16, parlamentares do PMDB reuniram-se em um jantar para celebrar o fim do semestre. Durante a comemoração, a bancada entendeu que seria melhor tomar cuidado com as fotografias “de feriado”. A ideia era evitar serem flagrados divertindo-se no exterior ou descansando em praias. A recomendação não foi seguida pelo próprio presidente da sigla, o senador Valdir Raupp (RO), que foi para a Índia. Quem postou foto da viagem foi o filho do peemedebista. Antes do recesso, Raupp comentava nos corredores do Senado que estava preocupado com a possibilidade de o recesso ser adiado, porque já havia planejado a mesma viagem outras vezes e acabou frustrado por diferentes motivos. Dessa vez, porém, resolveu enfrentar o imprevisto e deixar o impedimento da Constituição para trás. “A felicidade não está em viver, mas em saber viver. Não vive mais o que mais vive, mas o que melhor vive”, escreveu Valdir Raupp Filho sobre foto tirada com o pai em frente ao túmulo de Mahatma Gandhi, parafraseando o pacifista.
O senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) optou por um destino nacional. Foi para a Ilha de Comandatuba, na Bahia. Com a mulher ao lado, disse, em uma rede social, que estava aproveitando um dos “cinco dias de folga”, no último dia 23, para uma caminhada na praia. A foto foi apagada minutos depois de o Estado de Minas entrar em contato com a assessoria de imprensa do senador. Oliveira informou que ficou na ilha entre 19 e 21 de julho e já está em Palmas.
Descaso
Para Rui Tavares Maluf, cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política (Fesp), o descaso dos parlamentares com a Constituição é “abusivo”. “Em momento de tensão social, com as manifestações pelas ruas revelando um desagrado com homens públicos, vemos os congressistas ignorando a LDO, que é a mãe de outras leis orçamentárias e, por isso, muito importante para a população. Essa questão é tratada de maneira muito aquém do que a gente espera de quem lida com a decisão de como o dinheiro público será gasto.”
Para depois do recesso
Veja o que senadores e deputados deixaram para votar após o recesso branco
» LDO
O relatório preliminar do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2014 precisa ser votado na Comissão Mista de Orçamento, mas até agora não há acordo
» Royalties para educação e saúde
A Câmara votou a proposta que destina 75% dos royalties do petróleo para a educação e 25% para a saúde. O texto seguiu para o Senado, onde foi modificado, e voltou para análise dos deputados. Eles começaram a revisão, mas, sem acordo, deixaram para concluí-la depois do recesso
» Minirreforma eleitoral
O relatório do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que pretende afrouxar, entre outras coisas, as regras de doação e financiamento para campanha com validade já para 2014, está pronto, mas não pôde ser votado porque a proposta dos royalties tranca a pauta. O texto ainda precisa passar pelo Senado
» Reforma política
O pedido da presidente Dilma Rousseff para que o Congresso aprovasse a convocação de plebiscito com efeitos para 2014 não vingou. A Câmara priorizou a criação de um grupo de trabalho que vai elaborar um texto a ser submetido a referendo nas próximas eleições. O PT ainda promete apresentar projeto em agosto para retomar a ideia inicial de Dilma
» Corrupção como crime hediondo
A matéria foi aprovada no Senado e havia a promessa de que passasse pela Câmara antes do recesso, mas não entrou na pauta
» Marco civil da internet
A proposta que regulamenta o funcionamento e o trânsito de dados na rede foi considerada prioritária pelo governo desde que surgiram denúncias de que o Brasil foi alvo da espionagem americana. Não houve, porém, acordo sobre o texto
» Foro privilegiado
O fim do benefício dado aos parlamentares está na pauta da Câmara e do Senado, mas encalhou no lobby dos magistrados