A inauguração do Palácio da Liberdade por Bias Fortes, em 1897, e o protagonismo do então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, na campanha das Diretas Já, com sua escolha pelo colégio eleitoral e morte antes da posse, em 1985, são alguns dos momentos políticos do estado que serão revividos por quem visitar a sede oficial do governo a partir de domingo. Três anos depois da transferência do escritório de despachos do Executivo para a Cidade Administrativa, o governador Antonio Anastasia (PSDB) abriu ontem a exposição permanente sobre 16 de seus antecessores já falecidos. Além de conhecer um pouco da história de cada um deles, quem visitar o museu terá a chance de estar no principal palco das mais relevantes decisões políticas do estado ao longo dos anos.
"O Palácio da Liberdade torna-se um espaço de aprendizado político-cultural, que nos traz o privilégio de olhar para o passado e entender, com os recursos da modernidade e um trabalho precioso de curadoria, a relevância de grandes personalidades e de momentos históricos que transformaram Minas no que somos hoje”, afirmou Anastasia. Segundo ele, já passou pelos antigos prédios em que funcionavam secretarias cerca de um milhão de pessoas. O palácio é “a cereja do bolo”.
O museu funciona de forma interativa, mostrando, em cada um dos 30 cômodos em que se entra, gravações de discursos e conversas dos ex-governadores falecidos feitas por atores. As imagens e sons estão em telefone, porta-retratos, espelhos e até um piano. Nos objetos, é possível descobrir um pouco da história de cada governador. No caso do falecido mais recente, o ex-governador e ex-presidente Itamar Franco, é feita uma apresentação mais pessoal da trajetória do político.
No salão vermelho é possível ver, em um quadro, a comoção popular na hora do anúncio da morte de Tancredo Neves, que acabava de ser eleito presidente. Também no vídeo, a escolha dele para governar Minas nas primeiras eleições diretas em mais de 15 anos e outros fatos de sua carreira política são mostrados. Já o presidente Bossa Nova, Juscelino Kubitschek, está na sala de audiências, onde um telefone recria para o visitante uma conversa com o arquiteto Oscar Niemeyer, que atendia a ligação do Rio de Janeiro. O assunto é a construção do Palácio das Mangabeiras, para a qual JK pedia pressa, pois já não cabia mais morar com a família no Palácio da Liberdade, onde recebia políticos com as filhas brincando de se esconder atrás das cortinas.
A transferência da capital mineira de Ouro Preto para Belo Horizonte, em 1987, durante o governo Afonso Pena, é outro momento histórico lembrado na exposição. O burburinho de uma reunião do ex-governador Arthur Bernardes, em que discute decisões de sua administração entre 1918 e 1922, é outro “segredo” revelado pelo Palácio. A mostra invade até um momento de refeição da família de Israel Pinheiro, em que o assunto é a construção do Palácio dos Despachos, nos fundos do Liberdade.
Para Anastasia, os mineiros vão ter a oportunidade de conhecer a história daqueles que tiveram papéis importantes não só no estado, mas na política nacional. As visitas serão gratuitas nos finais de semana e feriados.