A Câmara Municipal de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, vai votar na segunda-feira a perda do mandato do prefeito da cidade, Dr. Fernando (PSB), por suspeita de superfaturamento na contratação de caminhões para coleta de lixo. A denúncia foi feita por um servidor público estadual, Ricardo Vieira, candidato derrotado na disputa para vereador no município pelo PSOL, partido que trabalhou para a eleição do prefeito. De acordo com a acusação, Dr. Fernando, ao assumir o mandato em 2013, teria aumentado, sem justificativa, o valor mensal pago pelos caminhões que transportam lixo na cidade. Caso seja cassado, seu vice, Genesco Neto (PMDB), com quem está rompido, assumirá o governo. Na cidade são fortes os rumores de que o peemedebista estaria pressionando vereadores pela derrubada do prefeito.
Uma comissão formada por três parlamentares investigou Dr. Fernando por cerca de dois meses. A Empresa de Serviços de Contabilidade (Escal), com base em Sete Lagoas, Região Central do estado, foi contratada pela Câmara para analisar documentos. Conforme a perita Patrícia Lavarini Calazans, encarregada da consultoria, as alterações no contrato teriam ocorrido na administração anterior à do atual prefeito.
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O prefeito passa por momento delicado em Lagoa Santa. Além do ex-aliado que apresentou a denúncia sobre o contrato para transporte do lixo, e da Câmara hostil, Dr. Fernando entrou em atrito com seu vice, que chegou a ocupar também posto no primeiro escalão do governo. Em comunicado à população de Lagoa Santa em 28 de maio, Genesco informa ter pedido exoneração do cargo de secretário municipal de Bem- Estar Social, pasta que acumulou desde a posse como vice-prefeito. Em meio a reclamações, sem citar nomes, Genesco diz ter vindo “de uma escola política em que a palavra de um homem vale mais do que qualquer assinatura em pedaço de papel”. Genesco é filho de Genesco Aparecido de Oliveira Júnior, que governou Lagoa Santa por três vezes, e foi coordenador da campanha de Dr. Fernando. O vice também não retornou contato feito pela reportagem.
Para o prefeito, a crise política pela qual passa ocorre pelo modo que governa. “A minha eleição é uma quebra de paradigma em Lagoa Santa. Tenho formação socialista e agi de maneira democrática, em desencontro a como se fazia política aqui, de maneira centralizadora e personalista”, argumenta. Ele afirma não ter medo de perder o mandato. “Isso retrocederia a política local”, afirma. Na sessão de segunda haverá tempo para acusação e defesa. O voto dos vereadores será aberto. Se for cassado, Dr. Fernando ainda poderá recorrer da decisão.