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Estado de Minas

Cabral admite que errou ao dialogar pouco com aliados

Pressionado por protestos diários e mal avaliado nas pesquisas, governador do Rio de janeiro, Sérgio Cabral, faz o mea culpa


postado em 01/08/2013 12:13 / atualizado em 01/08/2013 12:26

Rio de Janeiro - Pressionado por protestos quase diárias na porta de sua casa e do Palácio Guanabara, sede oficial do governo do Rio, e mal avaliado nas pesquisas, o governador Sérgio Cabral Filo (PMDB) reconheceu nesta quinta-feira que errou ao dialogar pouco com aliados e a sociedade. "Evidente que houve esse movimento nacional (protestos) que desgastou todos os governantes. As instituições ficaram debilitadas e questionadas. Mas no Rio eu cometi erros de diálogo, que sempre foi minha marca", afirmou.

"Fui presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) oito anos. Galeria cheia, com aplausos e vaias, eu tive a vida inteira. Quantas vezes eu ia para comícios com grupos me vaiando, tentando me atacar. Quando eu fiz a primeira licitação de vans intermunicipais, havia grupos que me cercavam e ameaçavam fisicamente. Da minha parte, faltou mais diálogo e capacidade de compreensão; não sou uma pessoa soberba. Ao contrário, sempre fui determinado ao diálogo. Democracia é um bem intangível imaterial e inquestionável que o Brasil alcançou. Temos de preservá-la", disse, em entrevista à Rádio CBN.

Pezão

O governador do Rio reafirmou que o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) será lançado candidato ao governo do Estado nas eleições de 2014. Cabral, no entanto, disse que "ainda não cogitou" a hipótese de se desincompatibilizar antes do término do mandato, em dezembro de 2014. Em reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal

O Dia

o presidente do Diretório Estadual do PMDB do Rio, Jorge Picciani, diz que o governador, que está no segundo mandato, deixará o cargo em abril para que o filho Marco Antônio possa se lançar candidato a deputado federal.

"O presidente do partido (Picciani) tem obrigação de discutir política e o futuro do partido. Governadores em segundo mandato, como Eduardo Campos (de Pernambuco, presidente nacional do PSB), Jaques Wagner (da Bahia, do PT), e Cid Gomes (do Ceará, do PSB), estão discutindo com seus partidos o que farão em 2014: se ficam até o término do mandato ou se se desincompatibilizam. Em 2010, em Minas, o governador Aécio Neves (PSDB) deixou o mandato para disputar o Senado. Já o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), ficou até o final. Aqui no Rio, já teve governador que deixou mandato para disputar a Presidência da República (referindo-se ao antecessor e ex-aliado Anthony Garotinho). Faz parte do processo democrático. Ainda estamos avaliando. São várias hipóteses", disse Cabral à CBN.

Perguntado, novamente, se vai se desincompatibilizar antes do fim do mandato, ele respondeu: "(A hipótese) Não chegou a ser cogitada por nós. Mas a oportunidade de Pezão ser o candidato está mantida. Vamos lançá-lo candidato a governador. É um quadro extraordinário, com sensibilidade política e social extraordinária, e uma capacidade administrativa grande. Se você pegar o Rio de Janeiro de 2006 e o de 2013, houve evolução em muitos serviços públicos. Longe do ideal, é verdade, temos muito a percorrer. Sobretudo no Estado do Rio, com 16 milhões de habitantes. Uns setores avançaram mais, outros menos. São questões que beneficiam a população. Graças a Deus, estamos numa democracia. Está ratificada a candidatura do Pezão ao governo do Estado".

Helicópteros

Cabral negou haver exagero no uso helicópteros da frota oficial do governo estadual e disse que criará um protocolo de uso das aeronaves. Reportagem da revista

Veja

revelou que o governador usava, diariamente, helicópteros oficiais para ir de casa para o trabalho, num percurso de menos de dez quilômetros. De acordo com a revista, Cabral também usa helicópteros oficiais para transportar a família e o cachorro para sua casa de praia, em Mangaratiba, no litoral sul do Estado, aos fins de semana.

"Não havia nenhum protocolo de uso. Aqui no Rio fizemos uma pesquisa para verificar onde havia regras do uso de helicópteros. Encontramos uma regulação, se não me engano de 2005, em Minas Gerais. Uma do Pará, de 2011. E do governo federal, que se refere mais a aviões, de 1999. Eu jamais exagerei e sempre fui pautado pela orientação do Gabinete Militar. Mas as manifestações, o que aconteceu de mais evidente, foi o desejo genuíno e bonito de aperfeiçoamento do processo democrático. Essa questão faz parte desse novo momento. O helicóptero não é do Sérgio Cabral, é do governo do Estado. Quando tem protocolo, passa a ter regras. E fica tudo mais fácil. É um avanço para o futuro do Rio."

Caso Amarildo


Cabral voltou a prometer que a polícia esclarecerá o sumiço do pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde o dia 14, após ter sido levado por policiais militares de sua residência à sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Favela da Rocinha, para "averiguação".

"Somos os primeiros a querer saber onde está o Amarildo. Em comunidades com UPP, os índices de criminalidade caíram barbaramente. Não tem situações como a do Amarildo como tinha no passado. Queremos descobrir onde está o Amarildo, o que fizeram com ele, e quem fez. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, está envolvido pessoalmente. Não posso estabelecer prazo, mas você pode estar certo que nós temos todo o compromisso de esclarecer o que foi feito, onde está Amarildo, e pegar os responsáveis."

Maracanã


O governador também negou que haja suspeitas de superfaturamento na reforma do Maracanã. Disse ainda que a concessão não resultará na "elitização" do estádio, uma vez que os preços dos ingressos são definidos pelos clubes, "como sempre foi". "Não há nenhuma suspeita de superfaturamento. Os tribunais de contas acompanharam e acompanham as contas. Foi uma reforma que talvez tenha sido a maior de um equipamento no mundo pelo volume de concreto e pelo que foi modificado."


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