Jornal Estado de Minas

Com protestos e caixão no plenário, Câmara de BH retoma os trabalhos sem votar projetos

Dezenas de manifestantes voltaram a ocupar as galerias da Casa nesta quinta-feira gritando palavras de ordem. Indignados, os parlamentares derrubaram o quórum e a pauta do dia não foi apreciada

Marcelo Ernesto - Enviado especial a Curitiba

Cerca de 40 manifestantes ocuparam as galerias da CMBH durante sessãob - Foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press
Os vereadores de Belo Horizonte voltaram do recesso parlamentar nesta quinta-feira sob protestos no plenário. Cerca de 40 pessoas, de acordo com a segurança da Casa, ocuparam as galerias e fizeram barulho. Por vários momentos,  os vereadores que se dispuseram a falar antes da apreciação dos projetos em pauta foram interrompidos por vaias e gritos de que “aqui ninguém trabalha”. A situação causou irritação nos parlamentares, que não conseguiram concluir os argumentos. Com o tumulto, a sessão, que teve até caixão no plenário, foi encerrada após cerca de 40 minutos sem que nenhum dos projetos fosse votado.

Indignado com o que chamou de falta de comportamento democrático dos manifestantes, o vereador Iran Barbosa (PMDB) reclamou do “preconceito”, que, segundo ele, os políticos sofrem atualmente. “Eu tenho começado a desistir da política por um motivo muito simples. O político hoje é, necessariamente, tratado como inimigo. Eu penso no tanto de causa que eu defendo e, que, se eu fosse um cidadão normal, milhares de pessoas estariam ao meu lado”, analisou. Ele ainda explicou que não participou das sessões extraordinárias – convocadas no final de junho -, pois estava de licença, não remunerada, para cuidar de assuntos particulares.

Os vereadores Arnaldo Godoy (PT) e o secretário da mesa da Câmara, Leonardo Mattos (PV) também enfrentaram dificuldade para falar. Mattos chegou a dizer que apenas o juiz de futebol consegue trabalhar no meio de tanta bagunça e ofensas. Já o vereador Marcelo Álvaro Antônio (PRP) pediu silêncio para que ele pudesse ler o versículo da Bíblia, mas foi interrompido pelo pedido de “estado laico” gritado pelos manifestantes. Única mulher entre os parlamentares, a vereadora Elaine Matozinhos (PTB) não foi poupada. Diante dos gritos que impediam sua fala, ela pediu que fosse feita a verificação do número de parlamentares presentes e com o registro de apenas 19 - são necessários o mínimo de 21 – a sessão foi encerrada por falta de quorum.

Após o fim da sessão, os manifestantes ainda continuam ocupando as galerias e o saguão da Câmara. Eles ainda não definiram se vão retomar a ocupação da Casa. No último mês, os manifestantes ocuparam o Legislativo Municipal durante oito dias.

Caixão


- Foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press Além dos manifestantes que ocuparam as galerias da Câmara Municipal de Belo Horizonte, a presença de um caixão chamou a atenção. O vereador Bim da Ambulância (PTN) levou ao plenário o ataúde para protestar. Incomodado, o vereador Leonardo Mattos (PV) perguntou quem tinha autorizado a colocação do mesmo no plenário. “Vivemos sobre um folclore no Legislativo”, reclamou. De acordo com Bim, o ato é para pedir que o Projeto de Lei 276, de autoria dele, fosse aprovado. O texto da proposta pede que seja garantido o livre acesso e circulação de ambulâncias nas faixas e corredores destinados a ônibus e táxi em Belo Horizonte. Segundo o vereador, os veículos de socorro estão sendo multados e, com a retenção no trânsito, atrapalhando o atendimento às vítimas que estão sendo socorridas.

Os parlamentares voltaram nesta quinta-feira aos trabalhos. Na última sessão antes do recesso, a Câmara Municipal aprovou a proposta que prevê a isenção do Imposto Sobre Serviços (ISS) para que fosse possível a redução do preço das passagens dos ônibus gerenciados pela BHTrans. O assunto ainda dominou o pouco tempo de discussões na sessão desta quinta-feira. O vereador Gilson Reis (PCdoB) afirmou que vai pedir uma CPI para investigar os gastos e as planilhas de custos do transporte na capital.