O Estado de Minas teve acesso a passagens emitidas para a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da República. Em julho do ano passado, a ministra Eleonora Menicucci viajou a Nova York para compromisso oficial: a celebração dos 30 anos do Comitê para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres. O bilhete de classe executiva emitido pela Turismo Pontocom mostra uma tarifa de R$ 24.800,82. Mas levantamento feito na companhia que emitiu a passagem revela que o bilhete saiu pela metade: R$ 12.677,31. Os números dos e-tickets e dos localizadores são iguais, assim como as datas. O que muda é o preço.
Funcionários do setor de contratos da pasta, ouvidos anonimamente, revelaram que o problema já havia sido identificado, e que um servidor entrou em contato com a companhia para verificar os valores, descobrindo a diferença. Em nota, a assessoria de imprensa informou que o contrato com a Turismo Pontocom foi feito por meio de processo licitatório, pelo critério de menor taxa para execução do serviço, e que ele terminou no fim do ano passado. A pasta decidiu não renová-lo, abrindo nova licitação. No ano passado, a Secretaria gastou R$ 1.057.893 com passagens aéreas, R$ 997 mil deles repassados à Turismo Pontocom. O custo médio mensal foi de R$ 88,1 mil. O fim do contrato com a empresa reduziu o gasto mensal em quase cinco vezes, caindo para R$ 19,5 mil.
Em março do ano passado, a agência de turismo Daher, do Recife, fechou contrato de um ano com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPD) no valor de R$ 8,9 milhões. Em maio do ano passado, o atleta paralímpico de vôlei Carlos Augusto Barbosa gastou com um bilhete na ponte aérea entre Rio de Janeiro e São Paulo R$ 355,98. Mas, na passagem maquiada, que traz um leiaute semelhante ao oficial da companhia aérea, com o acréscimo da logomarca da agência, a viagem custou R$ 1.061,12. Em nota, o CPB informou desconhecer o caso e que será aberto procedimento interno para analisar a situação.