Além da transparência das planilhas de custo das empresas de transporte, os jovens que permanecem na Câmara reivindicam a prestação de contas da prefeitura em audiência pública. De acordo com o presidente do Legislativo, em exercício, vereador Wellington Magalhães (PTN), o prefeito repassou os dados sobre a administração a vereadores, mas que vai conversar com a Mesa Diretora e com o próprio Lacerda sobre uma nova reunião. O encontro com os vereadores não foi em audiência pública.
É a segunda vez que a Câmara é ocupada em um mês. A primeira ocupação, mobilizada pela Assembleia Popular Horizontal, começou em 29 de junho e durou oito dias. Esse mesmo grupo decidiu voltar à Casa depois do recesso parlamentar para recepcionar os vereadores, na quinta-feira. No fim da sessão plenária, os manifestantes se reuniram e surgiu a possibilidade de uma nova ocupação. No entanto, ela não foi consenso entre os presentes e a maioria foi embora, sendo que três pessoas decidiram permanecer. Em solidariedade a eles, alguns manifestantes resolveram voltar e participar da ocupação. Dois iniciaram uma greve de fome.
Socorro
Na manhã de ontem, cerca de 30 pessoas estavam na Câmara. Depois de 48 horas sem comer, Ana Silva, de 26 anos, desmaiou no banheiro. O Serviço Móvel de Urgência (Samu) precisou ser acionado. No entanto, a jovem se recusou a ser levada para o hospital e afirmou que continuaria sem comer até que as reivindicações fossem atendidas. No entanto, cerca de quatro horas depois desistiu e foi para o hospital. O outro jovem em greve de fome garantiu que vai “resistir até o limite”. Ele precisou ser atendido pelos médicos do Legislativo na sexta-feira, mas até o ínício da noite de ontem permanecia sem comer dentro das dependências do Legislativo. De acordo com os seguranças da Câmara, ele estava acompanhado de outras quatro pessoas que iriam dormir mais uma noite no Legislativo municipal.
A segurança da Câmara restringiu a entrada nos banheiros e os manifestantes estão tendo de pedir a chave para usá-los. A segurança justificou que tomou essa atitude porque os dois sanitários foram pichados com os dizeres “Viva o dia!”, “Caos é o movimento”, “Fora todos”. Os manifestantes acreditam que as pichações foram feitas durante a madrugada e não souberam dizer quem foram os responsáveis. O Legislativo vai registrar um boletim de ocorrência.
Ao contrário da primeira ocupação, que tomou todo o saguão da Câmara, a atual está na galeria do plenário. Nas duas, algumas pessoas montaram barracas nos jardins da Casa. O número que permanece na Câmara, desta vez, no entanto, é menor.
Com baixo quórum em relação aos encontros anteriores, foi realizada ontem mais uma assembleia popular horizontal, ao lado do Viaduto Santa Tereza, no Centro de Belo Horizonte. No encontro, os participantes decidiram melhorar as estratégias de comunicação para atrair mais pessoas para a assembleia e para novos atos de protesto na cidade. (Com Alessandra Mello)