Jornal Estado de Minas

Com coxinhas, manifestantes entram em conflito com seguranças da Câmara de BH

Os jovens que ocupam as galerias desde a semana passada tentaram entrar no plenário para ironizar o presidente da Casa, vereador Léo Burguês (PSDB) quando foram contidos pela segurança. Pelo menos um manifestante ficou ferido

Marcelo Ernesto - Enviado especial a Curitiba
O clima ficou tenso na Câmara, após os seguranças da Casa impdedirem os manifestantes de entrar no plenário - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press
Mais uma vez o clima na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) ficou tenso durante sessão no plenário da Casa. Nesta segunda-feira, a reunião relâmpago durou cerca de 30 minutos e terminou em agressão, empurra-empurra e troca de acusação entre manifestantes e seguranças. Enquanto os parlamentares discutiam a possibilidade de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os contratos do transporte público na capital, um dos jovens que protestava em uma das portas de acesso ao plenário tentou entrar no espaço para distribuir coxinhas. Nesse momento, os seguranças agiram e um dos manifestantes acabou atingido com um soco no olho. Com a confusão, o quorum foi derrubado e a sessão encerrada. Apenas três projetos da pauta - analisados antes da interrupção -, foram aprovados em 1° turno.
Veja imagens do tumulto na Câmara


Logo após o fim da sessão, a confusão continuou do lado de fora do plenário com troca de chutes e empurrões. A intenção dos manifestantes era provocar o presidente da Câmara, vereador Léo Burguês (PSDB), que voltou à Casa nesta segunda-feira, após cumprir período de licença. Diante da cena ele classificou como "lamentável" a ação. Essa foi a primeira sessão presidida por ele, após a volta do recesso parlamentar do mês de julho. Antes mesmo da ação dos manifestantes, as pessoas que ocupavam as galerias já ironizavam o tucano com gritos de “coxinha”, logo que ele assumiu a presidência da reunião de hoje.

O clima começou a esquentar quando os vereadores da oposição questionaram a validade dos dados das planilhas com os gastos e a forma de definir a tarifa do transporte disponibilizadas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) no site da BHTrans. De acordo com o vereador Gilson Reis (PCdoB), os documentos que estavam no site eram referentes ao ano de 2007. Ele acusou Lacerda de estar “mentindo” para cidade e para a Câmara quando afirmou que os dados atualizados estavam à disposição para consulta. Reis ainda convocou seus pares para assinar um pedido para que seja instalada uma CPI para investigar e estudar os custos e a definição das tarifas.

O petista Adriano Ventura fez coro com Gilson Reis e pediu que o prefeito compareça à Casa para esclarecer as concessões e a forma de cálculo das tarifas. “Nós queremos não somente disponibilizar, mas compreender e contra-argumentar”, protestou. Ventura ainda classificou como “coragem e muita audácia” a declaração de Marcio Lacerda que chamou de preguiçosos os manifestantes que não buscaram no site da BHTrans as informações.

Em nota, a prefeitura afirmou que as informações já estão disponíveis desde o início do mês de julho. Ainda segundo informações da nota, desde o início da administração de Lacerda a capital caiu no ranking das passagens mais caras do país.

Desde o último dia 01 de agosto a Câmara voltou a ser ocupada por manifestantes. A intenção inicial dos manifestantes era apenas “recepcionar” os vereadores na volta do recesso, mas o protesto acabou se expandido e, desde então, a Casa segue ocupada. No mês de julho, os manifestantes ocuparam o Legislativo Municipal durante oito dias.

Com informações de Felipe Canêdo