A repórter da editoria de política, Alessandra Mello, que estava com João Miranda, não chegou a ser agredida fisicamente, mas contou que o delegado estava muito exaltado. “Eu estava conversando com o João quando ele chegou gritando. Enquanto o João era levado ele gritava e mandava sair que a situação não era comigo”, disse.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que o delegado Architon Zadra Filho classificou o caso como “um mal-entendido”, mas que ele será ouvido sobre o ocorrido. Ainda conforme a nota, “a partir daí, serão tomadas as providências cabíveis para o caso”. “A instituição informa, em primeiro lugar, que respeita a liberdade de imprensa como direito inalienável da sociedade brasileira”, afirmou a nota.
Confira abaixo a íntegra da nota de repúdio do SJPMG ao ato do delegado Architon Zadra Filho:
NOTA DE REPÚDIO DO SINDICATO DOS JORNALISTAS CONTRA PRISÃO ARBITRÁRIA DE FOTÓGRAFO DO ESTADO DE MINAS POR DELEGADO DA POLÍCIA CIVIL
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais repudia veementemente a ação truculenta e injustificada praticada pelo diretor do Departamento de Transporte da Polícia Civil, Architon Zadra, contra o repórter fotográfico do jornal Estado de Minas, João Gustavo Soares de Miranda, no início da noite desta quarta-feira, 7 de agosto. O jornalista fazia cobertura na Câmara Municipal de Belo Horizonte, quando percebeu uma grande movimentação de viaturas policiais na unidade da Polícia Civil, que fica ao lado do Parlamento Municipal. Dentro do mais legítimo instinto profissional, João Miranda fez uma foto de veículos que serão distribuídos pelo governo estadual a várias unidades da polícia no Estado. Nesse momento, Architon Zadra atravessou a via que separa seu departamento da Câmara Municipal e disse, aos berros, que o jornalista não podia fazer fotos, que ele estava invadindo área de segurança. Ao mesmo tempo, o policial segurou João Miranda pelo braço e o conduziu para o interior do prédio da PC, onde ficou detido por cerca de 40 minutos sob a vigilância de outro policial.
A ação praticada por Architon Zadra remete aos tempos da ditadura. O Sindicato entende que houve cerceamento do direito ao trabalho e violação dos direitos humanos e exige que os fatos sejam apurados com as devidas consequências e punições cabíveis.
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DE MINAS GERAIS