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Estado de Minas

Tucanos fazem contra-ataque às críticas de Dilma

PSDB rebate a presidente, que comparou o seu governo com o de FHC. Segundo eles, a administração petista vai de mal a pior


postado em 11/08/2013 07:00 / atualizado em 11/08/2013 08:11

Isabella Souto


As críticas feitas pela presidente Dilma Rousseff (PT) à gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002) foram rebatidas ontem por tucanos. Na sexta-feira, durante viagem a Porto Alegre, a petista disse que nos seis primeiros meses deste ano foram criados 826.200 empregos com carteira assinada – número semelhante ao que teria sido criado durante os quatro primeiros anos de mandato de FHC no Palácio do Planalto.

Para o deputado federal Rodrigo de Castro, que integra a Executiva Nacional do PSDB, a petista deve estar no “mundo do ET de Varginha” – referindo-se à viagem que a presidente fez à cidade mineira na quarta-feira, quando inaugurou câmpus da Universidade Federal de Alfenas (Unifal). Na ocasião, em entrevista a rádios locais, ela fez a mesma comparação em relação ao número de empregos na gestão tucana e petista.

“Ela (Dilma) entrega o país com uma infraestrutura em frangalhos, inflação em alta, na sombra de seu antecessor (ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), fraca, desamparada e despeitada”, reclamou. Para o presidente estadual do PSDB, Marcus Pestana, a presidente Dilma está com uma visão “tacanha e medíocre” da história ao não reconhecer os avanços da gestão FHC. “As circunstâncias históricas, os parâmetros populacionais são muito diferentes. Ela usufrui das bases que o Fernando Henrique deixou”, disse.

O senador Aécio Neves (PSDB), que é pré-candidato de seu partido na sucessão de Dilma Rousseff nas eleições do ano que vem, disse durante a semana que é “curiosa a obsessão” da presidente com FHC. “Por que o ex-presidente incomoda tanto a presidente?”, reclamou.

O senador classificou ainda como um “desrespeito à inteligência da população” a comparação entre as gestões do PT e PSDB, pois se trata de conjunturas diferentes, que foram por ela tratadas como iguais. Na sexta-feira, a presidente rebateu esse discurso: “Aí você vai me dizer: mas era outra situação macroeconômica. Mas esse é o ponto. É outra situação econômica porque fomos capazes de criar, em seis meses, 826 mil empregos”, disse.

A declaração de Dilma deu mais munição para o ataque tucano. O senador Aécio Neves argumentou que nos dois anos do governo Dilma o Brasil cresceu um terço da média dos outros países da América do Sul. Além disso, segundo ele, no governo FHC foram recorrentes crises econômicas no mundo, mas ainda assim o país cresceu quase o dobro da média do subcontinente: o índice chegou a 2,3%, enquanto os demais países tiveram uma taxa de 1,3%.

Pesquisa aponta segundo turno
Passado o mês intenso de manifestações, a presidente Dilma Rousseff recuperou parte de sua popularidade e das intenções de voto em 2014, segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem. Embora tenha recuperado terreno, ela não venceria, em primeiro turno, a próxima disputa presidencial. Entre os outros pré-candidatos testados, a ex-senadora Marina Silva (sem partido) é a única que conquistou um avanço gradual nos números. Até outubro do ano que vem, no entanto, o quadro ainda deve sofrer significativas mudanças, segundo avaliação de especialistas, de governistas e da oposição.

Das sete simulações testadas pelo Datafolha, a primeira contaria com Dilma, Marina, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). No cenário, a petista tem 35%, cinco pontos a mais do que o registrado na pesquisa anterior, do final de junho. Marina subiu de 23% para 26%; Aécio caiu de 17% para 13%, mas continua na frente de Campos, que oscilou de 7% para 8%. No total, brancos, nulos, nenhum ou indecisos somam 18%. Nesse cenário, Dilma enfrentaria Marina Silva no segundo turno.

Mesmo que Dilma não vença no primeiro turno, o cientista político Rudá Ricci, do Instituto Cultiva, disse que, hoje, os eleitores insatisfeitos com a petista reforçaram o voto em branco ou nulo, em vez de impulsionarem candidatos da oposição. “Apesar do desgaste sofrido pelas manifestações, não houve nenhum movimento expressivo de votos do governo para a oposição. É bem provável que esses eleitores descontentes descarreguem seus votos em nulo ou branco, por toda uma descrença atual no sistema político-partidário”, aposta.

O líder do PSDB no Senado, o senador Alvaro Dias, afirmou que o resultado da pesquisa significa “um desastre para ela (Dilma)”. O instituto também divulgou, na sexta-feira, que a aprovação do governo de Dilma cresceu de 30% para 36%. Segundo Dias, “a flutuação é natural e não significa uma recuperação”. Ele disse considerar a pesquisa “prematura”. “O quadro para as eleições de 2014 está totalmente aberto”, avalia.

Membro da Executiva nacional do PSDB, o deputado federal Rodrigo de Castro (MG) disse que, embora tenha havido um crescimento na popularidade da presidente Dilma, os números demonstram que a população conhece as falhas da administração petista. Para ele, está clara a vontade do eleitor de votar em um projeto da oposição. “Cabe a nós mostrar o nosso candidato e conscientizar os eleitores que temos o melhor nome, que é o Aécio Neves”, afirmou o parlamentar.

Cotado para coordenar a campanha do senador mineiro no estado, o ministro das Comunicações durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) Pimenta da Veiga vê os números apresentados no levantamento como “provisórios”. “A pesquisa mostra um quadro animador para a nossa candidatura, e temos muito tempo para trabalhar para que possamos reverter os números”, aposta.

O líder do governo na Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou que já era esperada a melhora na popularidade de Dilma. “Acho que ela faz um bom governo e as pessoas estão prestando atenção nisso.” Mesmo com a queda anterior da presidente na pesquisa, de 30 pontos percentuais, o parlamentar aposta que os índices “podem e vão melhorar” até o próximo ano.


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