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Brasil espionou vizinhos na ditadura, revela arquivoArquivos da ditadura já podem ser consultados no site Brasil: Nunca Mais DigitalQuando Che foi caçado pela ditaduraExumação de militante da ALN em Minas leva a depoimentosLACRADO Após a morte, o corpo do militante foi transladado para Belo Horizonte pelo pai, João de Deus, em caixão lacrado pelo Doi-Codi do 2º Exército, em São Paulo. O velório ocorreu na casa em que Arnaldo nasceu, na Rua Esperança, na Região do Barreiro, onde foi marcante a presença ostensiva de policiais. De acordo com o laudo da época, Arnaldo foi atingido por sete tiros – três na perda direita, que o fizeram tombar, um tiro fatal no supercílio direito e outro que causou diversas fraturas na mão direita, característica de lesão de defesa.
Outro dado que corrobora a tese de execução foi levantado pelo relator dos casos na Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Luiz Francisco Carvalho Filho. Em seu voto, ele ressaltou que o suposto armamento dos integrantes da ALN não foi periciado. “As armas que teriam sido encontradas em poder dos militantes só foram formalmente apreendidas pela autoridade militar em 19 de março, quatro dias depois das mortes.” O relator afirmou ainda que “a evidência mais gritante de que os militantes não foram conduzidos diretamente para o Instituto Médico Legal (IML) é o registro oficial de suas vestes”. Os três estariam sem calças, vestindo camisas, cuecas, meias e sapatos.
Na versão oficial do Exército, os militantes foram mortos em troca de tiros depois de serem identificados como autores da morte do comerciante Manoel Henrique de Oliveira em 21 de fevereiro de 1973. Manoel, segundo o Exército, teria sido “justiçado” e seu corpo coberto com panfletos da ALN em razão de sua suposta delação às forças de repressão de Yuri Xavier Pereira – irmão de Iara Pereira e integrante da aliança –, que resultou em sua morte.
No entanto, 10 anos depois da morte de Arnaldo, surgiram evidências de que, na verdade, o Exército promoveu a infiltração de João Henrique Ferreira de Carvalho, conhecido como Jota, junto ao grupo político que ajudou a preparar a emboscada. Jota seria o único que conseguiu escapar com vida da investida policial.