A 53 dias do prazo final para que o partido de Marina Silva seja criado em tempo hábil de participar das eleições de 2014, a ex-senadora corre contra o relógio para conseguir validar pelo menos 500 mil das 800 mil assinaturas que a Rede coletou. A certificação dos apoios pelos cartórios e pelos tribunais regionais eleitorais (TREs), porém, é apenas a primeira de duas batalhas que a pré-candidata ao Planalto terá de enfrentar: a segunda será travada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que costuma levar mais de um mês desde a apresentação do pedido de registro até a análise em plenário.
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Rede nega interesse de Marina por filiação ao PENPré-filiação ao partido de Marina Silva estará disponível a partir do dia 20Marina corre contra o tempo para criação da Rede SustentabilidadeMarina se encontra com ministra para tratar da RedeMarina não representa modernização, afirma Rui FalcãoMarina pede para internauta escolher nº de novo partidoNa legalização do PSD, em 2011, o TSE levou um mês e quatro dias para analisar o registro. O partido havia entrado com o pedido em 23 de agosto e sua criação acabou aprovada em 27 de setembro, 10 dias antes do prazo, que, naquela ocasião, vencia em 7 de outubro.
Em 2013, o prazo se encerra mais cedo, em 5 de outubro, um ano antes do primeiro turno das eleições de 2014. Até ontem, somente 189 mil assinaturas coletadas pela Rede haviam sido validadas pelos TREs. A fim de cobrar agilidade dos cartórios eleitorais, Marina Silva pediu uma audiência com a corregedora-geral eleitoral, Laurita Vaz, que deve marcar o encontro para esta semana.
Um integrante do TSE ouvido pela reportagem alerta que, se houver impugnações contra a criação da legenda, o TSE precisará de um tempo ainda maior, uma vez que há abertura de prazos e a necessidade de o tribunal consultar o Ministério Público antes da votação no plenário. Outro problema da Rede seria a rejeição de 23% das assinaturas nos cartórios. A Justiça estaria tendo dificuldades para reconhecer assinaturas de jovens com menos de 18 anos e idosos que deixaram de votar em 2012.
Cortejada
Com o prazo cada vez mais exíguo para a validação da Rede, Marina Silva tem sido cortejada por outros partidos sobre uma possível filiação a tempo de se candidatar em 2014 e já admite a possibilidade de se lançar por outras siglas. PPS e PDT estão de olho, além da votação da ex-senadora em 2010 – quando recebeu quase 20 milhões de votos –, nas últimas pesquisas de intenção de voto, que colocam Marina como a candidata que a presidente Dilma Rousseff teria mais dificuldade para vencer e única concorrente da petista em ascensão.
Marina também teria sido sondada pelo PEN (Partido Ecológico Nacional), mas, em nota, ela negou a possibilidade de ingressar na legenda recém-criada. O PPS convidou publicamente a ex-senadora para se filiar. Já o PDT tem feito chegar aos ouvidos de Marina o desejo de tê-la como candidata à Presidência da República. A aliados, ela não descarta a filiação ao partido, porém, tem dito também que pode até abrir mão de uma candidatura, caso a Rede não saia do papel, acrescentando que uma nova disputa ao Planalto não se daria “a qualquer custo”.
Para saber mais
Passo a passo para a criação de um partido
» A legenda precisa apresentar cerca de 500 mil assinaturas de apoio válidas, o equivalente a 0,5% do total dos votos dados para a Câmara dos Deputados nas últimas eleições.
» As assinaturas são verificadas pelos cartórios eleitorais e encaminhadas para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
» Antes de entrar com o pedido de registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a sigla precisa da certificação das assinaturas de pelo menos nove TREs. A resolução que disciplina a criação de partidos estabelece que as assinaturas sejam coletadas em pelo menos um terço dos estados brasileiros e atinjam ao menos 0,1% dos eleitores de cada um deles.
» Em posse das certificações de pelo menos nove TREs e com a quantidade mínima nacional de assinaturas, a legenda entra com o pedido de registro no TSE.
» No prazo de até 48 horas após a apresentação do pedido, o processo deve ser distribuído a um relator.
» Caberá a qualquer interessado impugnar, no prazo de três dias, contados da publicação do edital, o pedido de registro. Havendo impugnação do Ministério Público ou de outro partido, será aberta vista ao requerente para contestar no mesmo prazo.
» A Procuradoria-Geral Eleitoral deverá se manifestar em três dias antes de o processo ser liberado para o relator, que não tem prazo para apresentar em mesa para julgamento o pedido de registro. Quando não há impugnação, o processo segue imediatamente para a análise do relator.
» Para que o partido esteja apto a participar das eleições de 2014, é necessário que o registro seja aprovado pelo plenário do TSE antes de 5 de outubro de 2013 (um ano antes do pleito). Essa também é a data-limite para um político se filiar a uma sigla, caso queira disputar as eleições do ano que vem.
» Últimos partidos criados no país:
PSD - Pedido protocolado em 23 de agosto de 2011 e deferido em 27 de setembro do mesmo ano
PPL - Pedido protocolado em 24 de agosto de 2011 e deferido em 4 de outubro daquele ano
PEN* - Pedido protocolado em 21 de setembro de 2011 e deferido em 19 de junho de 2012