Jornal Estado de Minas

Morre brigadeiro Rui Moreira Lima, militar perseguido na ditadura

O brigadeiro deu depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV) em outubro do ano passado e sua história motivou a criação do grupo de trabalho dedicado a militares perseguidos

Agência Brasil
O brigadeiro do ar Rui Moreira Lima, de 94 anos, veterano da 2ª Guerra Mundial e fundador da Associação Democrática e Nacionalista dos Militares (Adnam), morreu na madrugada desta terça-feira, no Hospital Central da Aeronáutica, onde estava internado há 47 dias na unidade de terapia intensiva (UTI) por causa de um acidente vascular cerebral. Ele teve uma parada cardíaca às 4h30.
O brigadeiro deu depoimento à  Comissão Nacional da Verdade (CNV) em outubro do ano passado e sua história motivou a criação do grupo de trabalho dedicado a militares perseguidos. Na abertura da sessão de hoje do grupo, o consultor Paulo Ribeiro da Cunha lamentou a morte e disse que o militar era uma pessoa extraordinária, que inspira o processo de luta pela verdade. "Hoje nossos trabalhos serão permeados pela emoção dessa perda".

Nascido em 12 de junho de 1919, em Colinas, no Maranhão, o brigadeiro foi piloto de combate na 2ª Guerra Mundial, em missões na Itália.

De volta ao Brasil, chegou a ser comandante da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio, mas foi perseguido pelos militares a partir de 1964, por ter se negado a apoiar o golpe militar.

Chegou a ser preso três vezes. Na última, seu filho, Pedro Luiz Moreira, foi detido como forma de chegar a ele. Pedro deu depoimento ontem para a Comissão Nacional da Verdade e para a Comissão Estadual da Verdade do Rio, contando que a perseguição a seu pai se estendeu a toda a família.

O corpo do militar será velado no Instituto Histórico da Aeronáutica, às 14h, e o enterro será às 16h, no Cemitério São João Batista.