Jornal Estado de Minas

Novo cálculo do FPM pode levar R$ 70 mi para os cofres dos munícipios em Minas

Se aprovada, proposta que muda cálculo do FPM vai significar um reforço mensal na receita das 853 prefeituras de Minas

Isabella Souto
Os cofres das prefeituras mineiras poderão contar com um acréscimo mensal de R$ 70,2 milhões a cada mês. Isso se o Congresso Nacional aprovar, sem modificações, a Proposta de Emenda à Constituição 33, que eleva a base de cálculo do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Se a regra estivesse em vigor, em julho as 853 cidades teriam recebido R$ 521,5 milhões, em vez dos R$ 451,3 milhões creditados. Atualmente o fundo é composto de 22,5% do que a União arrecada com o Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), dinheiro que representa um repasse de cerca de R$ 4,9 bilhões em todo o país em três parcelas, a cada dia 10, 20 e 30. A PEC aumenta o índice para 26%. Na ponta do lápis, as cidades de menor índice teriam um extra de R$ 47,3 mil e as de maior,  R$ 315,9 mil mensais.
Autor da PEC que recebeu 33 assinaturas, o senador mineiro Clésio Andrade (PMDB) argumenta que a matéria tenta minimizar a “excessiva concentração de receitas pela União”. Isso porque ela passa a destinar a estados e municípios 55% da arrecadação total do IR e IPI, enquanto hoje são 48%. Segundo a justificativa da proposta, atualmente o governo federal fica com 24,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Aos estados cabem 9,1% e aos municípios 1,5%. “Os municípios brasileiros, há mais de uma década, lutam para aumentar a sua fatia na distribuição dos tributos pagos pelos contribuintes, a fim de poder equilibrar as suas receitas com as suas despesas e atender as necessidades de seus munícipes”, diz o senador.

A PEC 33 será votada hoje na Comissão de Constituição e Justiça – e de lá segue direto para o plenário do Senado, onde serão necessários os votos de 49 parlamentares. Relator da matéria na CCJ, o senador Gim Argello (PTB-DF) apresentou na semana passada parecer favorável ao aumento na composição do FPM. “Acreditamos que o aumento proposto de 3,5 pontos percentuais no fundo deve representar alívio para a situação fiscal dos municípios, além de melhorar a repartição tributária entre os entes federativos”, escreveu ele, completando que a PEC é “realista, razoável e merece ser acolhida”.

Sensibilidade

Mas nem todos os integrantes da CCJ pensam assim. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) – que relatou anteriormente a PEC, quando ela tramitava apensada em outros projetos – é contra. Em relatório apresentado em junho, o tucano argumentou que o texto deveria ser rejeitado porque implicará a redução da participação do governo federal na arrecadação do Imposto de Renda e do IPI, justamente em um momento de estagnação econômica e desconfiança sobre as perspectivas das finanças públicas brasileiras.

Clésio Andrade se diz otimista em relação à aprovação da PEC no Senado e na Câmara dos Deputados. “Temos notado hoje uma independência maior do Legislativo em relação ao Executivo. Depois de aprovado no Senado, vamos mobilizar para que seja aprovado na Câmara”, planeja o mineiro, que não acredita em uma interferência do Palácio do Planalto contra a matéria. Até porque, na avaliação de Clésio, o governo vem sofrendo uma pressão dos municípios e de se “sensibilizar” para a causa municipal.