Os cofres das prefeituras mineiras poderão contar com um acréscimo mensal de R$ 70,2 milhões a cada mês. Isso se o Congresso Nacional aprovar, sem modificações, a Proposta de Emenda à Constituição 33, que eleva a base de cálculo do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Se a regra estivesse em vigor, em julho as 853 cidades teriam recebido R$ 521,5 milhões, em vez dos R$ 451,3 milhões creditados. Atualmente o fundo é composto de 22,5% do que a União arrecada com o Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), dinheiro que representa um repasse de cerca de R$ 4,9 bilhões em todo o país em três parcelas, a cada dia 10, 20 e 30. A PEC aumenta o índice para 26%. Na ponta do lápis, as cidades de menor índice teriam um extra de R$ 47,3 mil e as de maior, R$ 315,9 mil mensais.
A PEC 33 será votada hoje na Comissão de Constituição e Justiça – e de lá segue direto para o plenário do Senado, onde serão necessários os votos de 49 parlamentares. Relator da matéria na CCJ, o senador Gim Argello (PTB-DF) apresentou na semana passada parecer favorável ao aumento na composição do FPM. “Acreditamos que o aumento proposto de 3,5 pontos percentuais no fundo deve representar alívio para a situação fiscal dos municípios, além de melhorar a repartição tributária entre os entes federativos”, escreveu ele, completando que a PEC é “realista, razoável e merece ser acolhida”.
Sensibilidade
Mas nem todos os integrantes da CCJ pensam assim. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) – que relatou anteriormente a PEC, quando ela tramitava apensada em outros projetos – é contra. Em relatório apresentado em junho, o tucano argumentou que o texto deveria ser rejeitado porque implicará a redução da participação do governo federal na arrecadação do Imposto de Renda e do IPI, justamente em um momento de estagnação econômica e desconfiança sobre as perspectivas das finanças públicas brasileiras.
Clésio Andrade se diz otimista em relação à aprovação da PEC no Senado e na Câmara dos Deputados. “Temos notado hoje uma independência maior do Legislativo em relação ao Executivo. Depois de aprovado no Senado, vamos mobilizar para que seja aprovado na Câmara”, planeja o mineiro, que não acredita em uma interferência do Palácio do Planalto contra a matéria. Até porque, na avaliação de Clésio, o governo vem sofrendo uma pressão dos municípios e de se “sensibilizar” para a causa municipal.