Apesar de o governo brasileiro ter conseguido bloquear no exterior US$ 3 bilhões em recursos suspeitos de serem oriundos de lavagem de dinheiro, apenas entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões foram repatriados nos últimos dez anos. Segundo o diretor da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla), Ricardo Saadi, "os recursos não são repatriados porque os países exigem uma decisão final da justiça (brasileira) que demora para ocorrer".
O diretor da Enccla citou um caso de bloqueio de recursos suspeitos de lavagem de dinheiro nos Estados Unidos, no qual a Justiça norte-americana liberou o dinheiro para o acusado de lavagem porque Saadi não tinha como precisar ao menos quando haveria uma decisão judicial sobre o caso em primeira instância no Brasil. "Há outro caso de um doleiro que morreu enquanto o processo tramitava e os recursos foram liberados para a família", completou.
Saadi citou ainda outros dois casos recentes de repatriação de dinheiro ou ativos, que só ocorreram por conta de decisões judiciais dos países onde os crimes também foram julgados. "Os US$ 5 milhões desviados do TRT de São Paulo só foram repatriados por conta de um procedimento penal na Suíça. Se fosse no Brasil estaríamos esperando até agora", disse. Já os quadros do Banco Santos, ele afirma que só voltaram para cá porque os supostos donos nos Estados Unidos não conseguiram comprovar à justiça americana que eram os proprietários.