O ministro da Agricultura, Antônio Andrade (PMDB-MG), afastou o presidente da Ceasa-MG, Marcos Lima, depois de ele denunciar um dos seus principais aliados na pasta, o secretário de Produção e Agroenergia, João Alberto Paixão Lages, por envolvimento em supostas irregularidades quando comandava o órgão em Minas Gerais.
Andrade não gostou que Marcos Lima, ex-deputado federal pelo PMDB, tenha colaborado, a partir de maio, com o Ministério Público, que apura irregularidades em contratos de ao menos R$ 6 milhões. "Ele vazou informações que deveria comunicar ao Conselho (de Administração da Ceasa). Ele não deveria fazer auditoria", queixou-se o ministro.
No cargo há quatro meses, Lima foi indicado para a Ceasa pelo deputado federal Newton Cardoso (PMDB-MG), que disputa com o ministro hegemonia no PMDB mineiro. Ele substituiu Lages, aliado de Andrade, e aumentou o racha no partido ao levar as informações sobre contratos celebrados pelo secretário na Ceasa.
O afastamento foi comunicado a Lima no último dia 2, durante reunião do Conselho de Administração da Ceasa. Na véspera, ele havia levado documentos ao MP. O jornal apurou que, antes de sair, o secretário exigiu do ministro que também retirasse o denunciante da Ceasa. Lima reclama de retaliação e diz que o aprofundamento de contratos e pagamentos que classifica como "estranhos", feitos pelo antecessor, dependerá das investigações.
Lages foi exonerado nesta quarta, "a pedido", segundo a Agricultura. Durante um evento pela manhã, o ministro afirmou que em 60 dias as apurações do MP devem "confirmar a inocência" do aliado.
O ministro também exonerou nesta quarta o secretário de Defesa Agropecuária, Ênio Marques, mas não justificou o motivo da saída, em comunicado enviado à imprensa. Para substituí-lo, foi encolhido o advogado Rodrigo Figueiredo. Segundo Andrade, Ênio é um grande colaborador e continuará tendo influência na gestão: "Será um assessor direto meu, pois o Brasil precisa do Ênio".