O levantamento aponta um índice de 8,14 livros ou trechos de livros lidos nos últimos 12 meses pela população. Isso significa dizer que a cidade atinge mais que o dobro da média nacional, que é de 3,6, e da estadual, de 3,2. “Não basta ter a chave da biblioteca, é preciso guiar a leitura, orientar os alunos. O nosso projeto está, sim, comprometido, o que nos coloca na contramão do que ocorre hoje no país, quando se se busca educação de qualidade”, diz a coordenadora sindical.
NOVO USO A Secretaria Municipal de Educação confirma a transferência das bibliotecárias para a sala de aula, mas ameniza, dizendo que as bibliotecas continuam à disposição dos alunos, embora com outra forma de uso. O incentivo à leitura terá que ser feito pelos próprios professores dentro das matérias oferecidas no currículo escolar. A secretaria admitiu também que a alteração foi necessária em razão da redução de cinco minutos módulo/aula do professor.
O agravante é que há bibliotecárias aprovadas em concurso exclusivamente para a função. Em nota, a prefeitura explica que “o Conselho Municipal de Educação aprovou que os professores que atuavam exclusivamente nas práticas de leitura, ou seja, fora das salas de aula, assumissem a regência, fomentando a leitura no dia a dia da escola, garantindo a interdisciplinaridade, sem deixar de atuar nos espaços coletivos, como nas bibliotecas que deverão funcionar como um dos importantes instrumentos de apoio pedagógico”. E acrescenta: “Elas (as bibliotecas) deverão ser utilizadas por professores de todas as disciplinas, sendo um ambiente propício para a ampliação dos conhecimentos de todas as áreas, sempre com incentivo dos educadores”.
Memória
Polêmica literária
Não é a primeira vez que o prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira (PMDB), se mete em polêmica envolvendo livros. Em 2011, então deputado estadual, ele apresentou um projeto de lei proibindo o uso nas redes pública e privada de ensino de livros didáticos e literários com conteúdo contrário à norma culta e que tivessem também “teor sexual e incentivos à prática de atos criminosos”. Ou seja, estaria decretado o fim da leitura em sala de aula de um dos maiores escritores mineiros, Guimarães Rosa, que retratou em sua obra a fala popular. O assunto foi explorado pelos seus adversários durante a campanha eleitoral. Siqueira, então, retirou da pauta o projeto, que acabou arquivado.