Nunca antes na história de Minas Gerais a presidente da República, Dilma Rousseff, fez tantas visitas seguidas ao estado, sua terra natal, e também de um dos seus principais adversários na disputa eleitoral de 2014, o senador Aécio Neves (PSDB). Na terça-feira, ela visitará São João del-Rei, cidade governada pelo PT, para anunciar investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, que vão contemplar 44 municípios de diversos estados. A solenidade vai contar com a presença de prefeitos dessas cidades. Além do aporte de recursos, a presidente vai anunciar os projetos que serão contemplados na nova etapa do programa.
Uma nova viagem da presidente ao estado está marcada para o dia 26, dessa vez a Patos de Minas, onde inaugura a sede do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologias do Triângulo Mineiro (IFTM) na cidade. No dia seguinte está prevista a passagem da presidente pela capital mineira. Ela participa da formatura de Programa Nacional de Ensino Técnico (Pronatec) e inaugura o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na Praça da Liberdade, no prédio histórico onde funcionou a antiga Secretaria de Estado de Defesa Social.
`À exceção de São João del-Rei, não há ainda nenhuma confirmação oficial pelo Palácio do Planalto das incursões da presidente ao estado, mas, de acordo com deputados do PT, a agenda de viagens de Dilma para este mês já foi fechada e todas essas vindas a Minas Gerais já foram comunicadas aos parlamentares da bancada governista. Paulo Lamac, deputado estadual do PT, nega que a intensificação das vindas da presidente ao estado tenham a ver com a disputa de 2014. “Não tem nada a ver com campanha. É que tem muita obra, muita coisa para inaugurar no estado”, comenta.
CANSAÇO E GRIPE NA VOLTA DO PARAGUAI
Ontem, a presidente Dilma cancelou uma reunião que teria com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A justificativa para a mudança na agenda presidencial foi uma leve gripe e o cansaço com a viagem na quinta-feira ao Paraguai, onde ela assistiu à posse do presidente Horácio Cartes. No encontro, os dois discutiriam a votação dos vetos presidenciais, que Renan colocou na pauta do Congresso da próxima semana, o que preocupa o governo (leia abaixo). Depois de perder a luta no orçamento impositivo e empatar na apreciação do projeto que destina royalties do petróleo para educação e saúde na Câmara, a presidente se prepara para enfrentar a batalha da votação dos vetos presidenciais. A sessão conjunta está marcada para terça-feira.
Pela manhã, Dilma recebeu ministros no Palácio da Alvorada. Participaram do encontro o ministro de Comunicação Social do governo Lula, Franklin Martins, além dos ministros da Educação, Aloizio Mercadante; da Casa Civil, Gleisi Hoffmann; e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Não foi divulgada a pauta da reunião.
Batalha à vista
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), marcou para terça-feira a votação de todos os vetos da presidente encaminhados ao Congresso a partir de julho, inclusive de temas que desagradam ao Planalto. Renan disse estar disposto a manter a votação de todos os dispositivos vetados pela petista. “Por enquanto, todos (os vetos) estão postos. A cédula está publicada”, disse Renan. O Planalto trabalha nos bastidores para adiar a sessão dos vetos, diante das dificuldades em convencer os aliados a não derrubarem os que vão provocar maior impacto econômico para o governo – como o projeto que redefine os critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados (FPE). O governo teme que a derrubada de vetos impacte nas contas da União. No caso do projeto que redefine os critérios para o FPE, por exemplo, Dilma vetou trecho que retira os impactos das desonerações concedidas pelo governo federal aos estados e municípios. O projeto aprovado pelo Congresso prevê que eventuais desonerações impostas pelo governo terão efeito apenas na cota de arrecadação destinada à União, não tendo impacto nos repasses do FPE e Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Em reunião com aliados na semana passada, Dilma comunicou que vai à Justiça caso seus vetos sejam derrubados. A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, chegou a afirmar que o governo vai cobrar dos congressistas argumentos para a derrubada dos vetos presidenciais.