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Dnit conclui a licitação para duplicação de quatro dos 11 lotes da BR-381EM percorre trechos licitados da BR-381 e população fala das expectativas com as obrasSeis trechos da BR-381 já têm vencedores em licitação para duplicar a rodoviaDnit encerra processo de licitação para obras na BR-381BR-381 enfrenta mais entraves na duplicaçãoLicitações apontam economia de R$ 40 milhões em obras da BR-381Por enquanto, o martelo foi batido somente para quatro dos 11 lotes da licitação. No entanto, dois deles são apenas para túneis. Ou seja, as melhorias estão garantidas somente para 66 quilômetros. Cinco dos 11 lotes licitados ainda não foram homologados devido à apresentação de recursos em relação às notas dadas pela comissão do Dnit. A disputa administrativa pode ser encerrada no próximo mês, mas, no caso de os recursos extrapolarem a esfera administrativa, a decisão pode parar na Justiça, protelando as sonhadas melhorias. Juntos, os segmentos somam três quartos das mortes na rodovia.
A duplicação de dois dos trechos mais perigosos da estrada dependem dessa definição. O segmento de 33 quilômetros entre João Monlevade e o Rio Una (próximo a São Gonçalo do Rio Abaixo) é o mais crítico deles. Segundo a estatística, foram 27 mortes. No período, o cálculo de mortes por quilômetro ficou em 0,81, o mais alto entre os trechos que a rodovia foi dividida para a licitação. O alto número pode ser atribuído principalmente às 17 vítimas de colisões frontais e uma de um acidente transversal.
Não menos perigoso é o trecho entre Caeté e o entroncamento com a MG-020, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Também situado na Rodovia da Morte, famosa por ter 200 curvas em menos de 100 quilômetros, onde nos 18 quilômetros foram registrados 280 acidentes em um ano, com 14 mortes. Novamente, mais da metade de acidentes característicos de rodovia com pista simples, quatro de colisões frontais e quatro de transversais.
A definição da empresa que vai executar as obras de dois lotes deve se arrastar um pouco mais. Os valores apresentados para os lotes seis e sete ficaram acima do orçamento definido pelo Dnit e as empresas interessadas não aceitaram reduzir as propostas até o teto orçamentário do órgão. Com isso, novos editais devem ser publicados. E os riscos das batidas de frente nos quase 40 quilômetros entre Ribeirão Prainha e João Monlevade continuarão.
Risco Acelerado
“O pior acidente de todos é a colisão frontal. A velocidade dos dois veículos é somada”, afirma o consultor de transporte e trânsito Osias Baptista. O especialista aponta três fatores para a repetição insistente das cenas trágicas: geometria da estrada, com sequências de curvas; ultrapassagens malfeitas devido à quase inexistência de pontos onde a manobra é permitida; e, por último, o excesso de velocidade dos motoristas. “São fatores que são inibidos com a duplicação. Espero não ver na estrada nova uma placa alertando para curva perigosa”, diz.
A avaliação do chefe do setor de Comunicação Social da Superintendência de Minas Gerais da Polícia Rodoviária Federal, Aristides Amaral Júnior, é de maior ceticismo em relação aos efeitos da duplicação sobre os acidentes e vítimas. “A duplicação é necessária, mas não significa que vá reduzir o número de acidentes”, diz. O inspetor concorda que as colisões em rodovias de pista simples têm maior impacto, mas afirma que a pista em melhores condições se torna um atrativo para que os motoristas pisem fundo, caso não sejam tomadas medidas para combater os excessos. “Trânsito não é uma ação isolada. È preciso instalar radares, aumentar a educação e diminuir a sensação de impunidade”, diz Júnior, citando o caso da Fernão Dias, onde o número de mortes não teve redução.
O inspetor cita o caso dos Estados Unidos como exemplo a ser seguido, lembrando que, lá, o medo de ser punido torna o condutor mais prudente, enquanto no Brasil os processos são mais morosos e as penas mais brandas. “Não é que eles sejam mais educados que a gente. Nem que sejam melhores motoristas. Eles respeitam, porque sabem que podem ser flagrados, enquanto aqui, apesar de a nossa legislação de trânsito ser uma das mais rígidas do mundo, a execução é falha. É como um pai bravo que ameaça o filho uma, duas, 10 vezes, mas nunca o coloca de castigo”, afirma.