Dez dias depois de o ex-presidente Lula (PT) tornar público o desejo de conversar com o governador Eduardo Campos (PSB), um encontro entre os dois poderá ocorrer nesta quinta-feira, em São Paulo. Eventual candidato à Presidência da República em 2014, o socialista irá à capital paulista para uma palestra no Sindicato da Habitação (Secovi/SP), localizado na Vila Mariana. O endereço fica a cinco quilômetros do Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, onde o ex-presidente cumprirá agenda. Ele terá compromisso nesta sexta-feira, no Acre, mas só deve embarcar na noite de hoje.
Procuradas pelo Diario, as assessorias de Eduardo Campos e Lula negaram agendamento prévio, mas não descartam que o encontro venha a acontecer. O trajeto que separa os locais onde os dois estarão pode ser feito de carro em um espaço de 12 minutos. À reportagem, aliados dos dois recorreram declarações dos dois para dizer que não há barreiras entre eles para conversar, apesar do afastamento ocorrido na eleição do ano passado, quando Eduardo lançou Geraldo Julio (PSB) para prefeito do Recife contra o senador Humberto Costa (PT).
Mas, se em São Paulo o espaço geográfico que vai separar Lula e Eduardo é pequeno, em relação aos interesses políticos a situação é bem diferente. Enquanto o líder socialista trabalha para consolidar o voo nacional, o ex-presidente luta para manter os aliados unidos em torno do projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). O que inviabiliza a conversa sobre alianças.
Na semana passada, o aceno de Lula para conversar com Eduardo esquentou os bastidores da já conturbada relação entre PSB e PT. Uma nota emitida pelo governador, na qual comentou as declarações do ex-presidente, deixando claro que o PSB não irá abrir mão de construir o projeto presidencial, segundo um petista ouvido pela reportagem, teria descontentado o ex-presidente. O interesse de conversar com o socialista, no entanto, está mantido.
“Não havia intervenção política por parte de Lula. Ele jamais pediria a Eduardo nem a ninguém para desistir de disputar uma eleição. Não é o estilo dele. Agora, ele (Eduardo) fez disso uma plataforma política”, afirmou Francisco Rocha (o Rochinha), coordenador nacional da tendência Construindo um Novo Brasil. De acordo com uma fonte do PT, o próprio Lula teria confessado a aliados que o governador teria sido “ingrato e deselegante”, nas ponderações que fez na nota.