Com deputados demonstrando impaciência com o alongamento dos debates, o grupo de trabalho da Câmara encarregado de formular uma proposta de reforma política deve começar a deliberar sobre o tema já na próxima quinta-feira (29). Na reunião do grupo encerrada no final da manhã desta quinta-feira o coordenador Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi pressionado por parlamentares, suspendeu a audiência pública marcada para a próxima semana e antecipou a etapa de votações. Ficou acertado que os deputados vão decidir na semana que vem qual o primeiro tema da nova proposta de reforma política que será votado, mas mesmo nisso não há consenso.
Parte dos deputados que compõem o grupo participou das discussões de comissão especial que em 2011 tentou costurar - sem sucesso - uma proposta de reforma política na Casa. Ao cobrar mais agilidade nas votações, o argumento deles é que, naquela ocasião, diversas audiências públicas já foram realizadas e proposições sobre determinados temas já estão cristalizadas. "O Vaccarezza não participou do outro grupo. Nós que participamos passamos muito tempo fazendo isso (discutindo) e não temos mais paciência", afirmou ao Broadcast Político, sérvio de notícias em tempo real da Agência Estado, o deputado Marcelo Castro (PMDB-PE), que participou da última da comissão como suplente da bancada peemedebista. "Não podemos ficar eternamente em audiências públicas".
Vaccarezza, que havia previsto uma audiência pública para a quinta-feira que vem, reagiu e garantiu que o grupo coordenado por ele vai apresentar resultados. "Existe uma preocupação de não concluirmos os trabalhos e de terminarmos como no outro (grupo). Este vai ter uma proposta de reforma política", prometeu.
Mesmo decidindo por um tema para começar a ser votado na próxima semana, não há consenso no colegiado. O representante do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), por exemplo, defende que o tema prioritário seja o financiamento de campanha, empunhando mais uma vez a bandeira de seu partido pelo uso exclusivo de recursos públicos, com validade já para as eleições de 2014. "A melhor forma é concentrar num único tema para 2014 e depois falamos do sistema eleitoral e da propaganda na televisão, que não resolveremos se não enfrentarmos a questão do financiamento", disse o petista.
Em outra frente, o tucano Marcus Pestana (MG) rechaçou a tese de que qualquer mudança "significativa" entre em vigor em 2014, enquanto que Marcelo Castro, do PMDB, quer que a votação comece pelo sistema eleitoral.
O deputado Guilherme Campos, do PSD de São Paulo, resumiu as dificuldades de se encontrar um "mínimo denominador comum" no grupo, como vem pregando Vaccarezza: "Não existe nenhuma proposta com maioria que seja melhor do que a outra", disse.