No dia seguinte da briga entre militantes favoráveis e contrários à CPI dos Ônibus na Câmara Municipal, o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) determinou que todos os servidores do Estado que estiveram na manifestação de quinta-feira, 22, sejam exonerados. Dois funcionários da Secretaria de Governo já tinham sido demitidos, depois de serem detidos pela polícia, e a exoneração de outros sete - todos da Secretaria de Habitação - será publicada no Diário Oficial de segunda-feira, 26. Todos os demitidos faziam parte da claque que defendia a atual composição da CPI, formada majoritariamente por aliados do prefeito Eduardo Paes (PMDB).
A Secretaria Estadual de Habitação informou que Isabela Lima da Silva, Sidnei Rodrigues de Araújo, Ramon Baraúna Assis, Rafael Barbosa Ventura, Denis Teixeira Calixto, João Felipe Araújo das Chagas e Carlos Rodrigo Araújo Chagas foram avisados nesta sexta-feira, 23, sobre a exoneração. O motivo foi terem participado, "sem autorização, de manifestação durante o expediente de trabalho". Eles ocupam cargos de Assistente II, Chefe de Equipe e Ajudante I, e foram nomeados pelo atual secretário, Rafael Picciani, filho do presidente do PMDB do Rio de Janeiro, Jorge Picciani, e deputado estadual pelo mesmo partido.
O secretário disse que não sabia da participação dos funcionários na manifestação a favor dos atuais integrantes da CPI. Rafael Picciani já presidiu a Juventude do PMDB no município do Rio e apoiou a escolha da atual presidente da JPMDB estadual, Jéssica Ohana, de 21 anos, uma das organizadoras do movimento favorável à CPI na sessão de quinta-feira. "Milito ao lado da Jéssica há cinco anos, mas não houve nenhuma orientação minha para que apoiassem os vereadores", disse, por e-mail.
Jéssica reuniu-se nesta sexta com Jorge Picciani e admitiu ter levado um grupo de militantes ao plenário da Câmara para apoiar o presidente da CPI, Chiquinho Brazão (PMDB), e outros integrantes governistas da comissão de investigação. Em nota divulgada pelo PMDB-RJ, Picciani reconheceu o "erro" da presidente da Juventude, que assumiu em fevereiro o cargo antes ocupado por Marco Antônio Cabral, filho do governador Sérgio Cabral. Marco Antônio agora preside a Juventude Nacional do PMDB.
Jéssica, estudante de História da Universidade Federal Fluminense (UFF) de 21 anos, ajudou a organizar a claque "pró-Brazão" e se envolveu em uma confusão com jornalistas que estavam no plenário.